Marcado pela alternância de episódios de depressão com os de euforia, além de períodos assintomáticos entre eles, o transtorno afetivo bipolar é um distúrbio psiquiátrico complexo que atinge cerca de 140 milhões de pessoas do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Apenas no Brasil, 6 milhões de indivíduos convivem com esta doença, de acordo com a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB). Porém, mesmo com os números, o transtorno bipolar segue carregado de estigmas por parte da sociedade – seja em lidar com si ou com os outros.
Motivado pela incidência alta em sua prática clínica, o psiquiatra mineiro Renato Silva lançou em junho deste ano o primeiro aplicativo gratuito para o monitoramento de humor do Brasil.
Sobre o app
“Sou psiquiatra e atendo muitos casos de transtorno de humor, em especial, casos de bipolaridade. Sempre digo que conhecimento salva e que, tão importante quanto conhecer sobre a bipolaridade, é importante o paciente conhecer sobre a sua própria bipolaridade.”, contou o psiquiatra em entrevista ao portal Money Crunch.
O principal objetivo do app “Estabiliza”, recai em dois pontos principais: o autoconhecimento e monitoramento.
“A gente já sabe que a bipolaridade é o transtorno com maior influência genética na psiquiatria, chegando até a 90%, mas a gente sabe também que há muito o que o paciente pode fazer para ter uma vida mais estável e mais feliz. E são nesses dois pontos que o aplicativo entra: no conhecimento da sua própria bipolaridade – no autoconhecimento – e no monitoramento do que é extremamente relevante para que os pacientes com transtorno de humor consigam ter uma vida mais estável e mais feliz”, disse Renato Silva.
Com um design simples e intuitivo, o aplicativo fornece conteúdos educativos e espaços para o próprio usuário incluir anotações e registros de sua evolução. Neste sentido, o app passa a auxiliar o trabalho dos próprios psicólogos e psiquiatras.
“Nos meus atendimentos o aplicativo também me ajuda a ser cada vez mais assertivo nas estratégias e no tratamento e ajuda a gerar, no paciente, o conhecimento que ele precisa para ter a vida que ele deseja. Para ajudar outros psiquiatras e psicólogos que também podem se beneficiar das informações, o usuário pode baixar relatórios dos monitoramentos para apresentar para os profissionais da saúde que o acompanham.”, relatou Renato.
Recepção do público
Até o momento, mais de 40 mil downloads foram feitos na versões iOS e Android, dado que reflete, segundo Renato Silva, a recepção positiva.
“O aplicativo foi pensado, desde o início, para ser o mais simples possível e oferecer tudo que os usuários precisam em um só lugar – desde monitoramento até aulas com conhecimentos super importantes sobre saúde mental. Não tinha como ser diferente, a adesão foi ótima, já temos mais de 40 mil downloads.”
Sobre o desenvolvimento, que custou cerca de R$95 mil, o psiquiatra contou que a principal dificuldade girou em torno de deixar o “aplicativo mais amigável possível para o usuário”.
Por mais que tenha sido desenvolvido sob a ótica do transtorno de bipolaridade, o app “Estabiliza” também pode ser utilizado para pessoas diagnosticadas com depressão.
“Diria que, em uma sociedade que entende cada vez mais a importância do autoconhecimento, da saúde mental e de hábitos saudáveis, qualquer um se beneficiaria muito com os monitoramentos do Aplicativo Estabiliza. Mas, principalmente, os pacientes bipolares e deprimidos.”
A iniciativa de Renato pode ser vista como um exemplo da integração da tecnologia com a medicina tida como “tradicional”, contexto que, segundo o psiquiatra, “já é uma realidade e tende a aumentar cada vez mais”.
No momento, os objetivo de Renato com o aplicativo é “chegar a um número cada vez maior de brasileiros e começar a expansão do aplicativo para outros países.”
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