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Boletim Focus: mercado reduz previsão da inflação e eleva para PIB de 2022

O Banco Central divulgou nesta segunda-feira (25) as projeções contidas no Relatório Focus, documento semanal que reúne a estimativa de mais de 100 instituições do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos: IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), PIB (Produto Interno Bruto) e Selic (taxa básica de juros).

O boletim apontou divergências na projeção dos analistas do mercado financeiro para o desempenho da economia brasileira em 2022 e 2023.

IPCA

Sob efeito das medidas tributárias para baixar os preços de combustíveis e energia, a projeção para o IPCA de 2022 caiu pela quarta semana consecutiva e passou de 7,54% para 7,30%. Ficou acima da meta do Banco Central, mas menor do que os 11,89% no acumulado de 12 meses registrado em junho.

Porém, para 2023, subiu de 4,91%, projetado há 4 semanas, para 5,20%, há 7 dias e para 5,30%, de hoje. Esta é a 16ª semana seguida de alta para a inflação do próximo ano.

Considerando somente as 99 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2022 passou de 7,50% para 7,18% e a de 2023 foi de 5,12% para 5,30%.

De acordo com André Braz, economista do FGV Ibre, a contraposição das projeções inflacionárias de 2022 e 2023 refletem o ambiente de incertezas atual.

“Em julho, tivemos reduções importantes em várias tarifas públicas que as famílias pagam, a começar pela energia que caiu com o ICMS, assim como a gasolina, que também anunciou redução. Com esse panorama, as previsões de inflação para este ano recuaram substancialmente”

explicou o economista

Os porcentuais divulgados na Focus desta semana continuam a apontar para três anos consecutivos de estouro da meta a ser perseguida pelo Banco Central (BC), após o descumprimento já observado em 2021.

O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.

Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, o BC indicou que mira em algo mais próximo do centro da meta no ano que vem do que sua projeção atual (4,0%).

O Boletim Focus também mostra sinais de desancoragem mais ampla, com a mediana de 2024 acima do centro da meta. Pela segunda semana seguida, a estimativa continuou em 3,30%. Há um mês, estava em 3,25%. A previsão para 2025, por sua vez, continuou em 3,00%, mesmo porcentual há 54 semanas.

A meta para 2024 e para 2025 é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto porcentual (de 1,5% para 4,5%).

PIB

Embora tenha elevado a expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto deste ano, o mercado reduziu marginalmente a dos próximos, influenciado pelos dados positivos de atividade econômica e pela aprovação do pacote bilionário aprovado pelo Congresso em ano de eleição (também com apoio do governo).

Espera-se que a economia brasileira cresça 1,93% em 2022 (contra 1,75% na semana passada e 1,50% há um mês). Em relação a 2023, houve queda na margem de 0,49% para 0,50%.

Selic

Já a projeção para a taxa básica de juros para o fim deste ano continuou estável, em 13,75%, pela 5ª semana seguida. O mesmo ocorreu com a estimativa para 2023, permanecendo em 10,75%. Há um mês, os porcentuais eram de 13,75% e 10,25%, respectivamente.

Considerando apenas as 84 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para a Selic no fim deste ano também permaneceu em 13,75%. No fim de 2023, as 81 atualizações geraram mudança na mediana de 10,50% para 10,75%.

No Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de junho, a Selic subiu de 12,75% para 13,25% e o colegiado indicou novo aumento de igual ou menor magnitude (0,50pp) para a reunião de agosto.

A previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, de 7,75% há um mês. Já a mediana para o fim de 2025 foi mantida em 7,50%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.

Câmbio

Para o câmbio, a expectativa é de um dólar mais forte nos próximos anos: US$ 1 = R$ 5,20 no fim deste ano (contra R$ 5,13 há 7 dias e R$ 5,10 há 1 mês), além de US$ 1 = R$ 5,20 em 2023 (era R$ 5,10 há uma semana) e R$ 5,10 em 2024 (era R$ 5,05).

“O dólar cada vez mais alto leva a uma inflação maior, que é transferida para 2023 por conta dos gastos excessivos neste ano. Além disso, a expectativa em torno dos juros fica ruim, pois deve haver novos aumentos”

disse Alexandre Chaia, professor de economia e finanças do Insper
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