Segundo a Pesquisa Anual de Comércio (PAC) 2020, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (17), mais 400 mil empregos foram perdidos, e mais de 100 mil empresas encerraram suas atividades no 1º ano da pandemia de Covid-19.
Porém, em apenas um ano, mais que dobrou o número de companhias que realizavam vendas pela internet.
Em 2020, havia um total de 1,3 milhão de empresas comerciais no Brasil, o que corresponde a uma redução de 7,4% em relação a 2019 (106,6 mil estabelecimentos a menos). A queda foi proporcionalmente maior no comércio de veículos, peças e motocicletas, com 9,9% de empresas a menos.
O comércio varejista encolheu em 8,7%. Já o comércio por atacado teve expansão de 1,3% no número de empresas.
As empresas comerciais possuíam 1,5 milhão de unidades locais, 7,0% a menos que em 2019. Contudo, à medida que houveram perdas no comércio de veículos (-8,8%) e varejo (-8,5%), o número de unidades locais no comércio atacadista cresceu 2,1%.
Paralelamente, o comércio eletrônico cresceu fortemente no país. O número de empresas que declararam realizar vendas pela internet saltou de 23.181 em 2019 para 56.788 em 2020. Houve aumento também na modalidade de televendas, que passou de 11.686 empresas em 2019 para 27.205.
Em 2020, a pandemia de covid-19 afetou a capacidade de planejamento de famílias, empresas e governos. A necessidade de isolamento social para mitigar o avanço do contágio, bem como a ausência de perspectivas sobre o fim da doença e as sucessivas ondas de contaminação afetaram de forma mais intensa as atividades que exigiam mais contato com o público, como é o caso do varejo. Os resultados da PAC 2020, portanto, retratam o ambiente de incerteza da economia brasileira no primeiro ano de pandemia, com impactos significativos sobre o consumo das família
disse o IBGE em nota
Aumento de demissões
No primeiro ano da pandemia de Covid-19, a atividade comercial ocupava 9,8 milhões de trabalhadores, uma queda recorde de 4,0% ante 2019. Portanto, oram perdidos 404,1 mil postos de trabalho, 90,4% deles concentrados no comércio varejista, o equivalente a 365,4 mil demissões.
As perdas mais relevantes ocorreram nos segmentos de varejo de tecidos, vestuário, calçados e armarinho (menos 176,6 mil), varejo de produtos alimentícios, bebidas e fumo (menos 81,5 mil) e no varejo de material de construção (menos 59,7 mil).
Contudo, houve abertura de vagas nos segmentos considerados serviços essenciais durante a pandemia: varejo de hipermercados e supermercados (1,8 mil pessoas a mais) e varejo de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos (mais 318 trabalhadores).
O atacado teve aumento no contingente de ocupados, 2,2%, para um total de 1,7 milhão de pessoas. A divisão por setor ficou da seguinte maneira:
- Madeira, ferragens, ferramentas, materiais elétricos e material de construção: mais 11,7 mil ocupados;
- Mercadorias em geral: abriu mais 9,3 mil vagas.
O comércio de veículos, peças e motocicletas enxugou o número de trabalhadores em 8,5%, para 829,4 mil, enquanto no comércio varejista encolheu 4,8%, para 7,2 milhões de pessoas trabalhando.
Na questão de remuneração, os trabalhadores do comércio receberam R$ 241,6 bilhões em salários e outras remunerações. O salário médio mensal recuou de 1,9 salário mínimo em 2019 para 1,8 salário mínimo em 2020.
Receita Operacional Líquida do comércio em 2020
Ao todo, a atividade de comércio como um todo obteve R$ 4,3 trilhões de receita operacional líquida. O valor adicionado bruto do setor alcançou R$ 732,5 bilhões naquele ano.
No atacado, a receita operacional líquida foi de R$ 2,1 trilhão, ficando acima do desempenho do varejo, com R$ 1,9 trilhão, e do comércio de veículos, com R$ 377,7 bilhões.
A pesquisa do IBGE demonstrou que o Sudeste deteve 49,4% da receita bruta de revenda do País em 2020, ficando abaixo dos 50% pela primeira vez.
São Paulo ocupou a liderança do ranking nacional, com 30,1% da receita do setor, seguido por Minas Gerais (9,4%) e Paraná (7,9%).
Porém, em relação a 2019, São Paulo teve a maior redução de participação entre as Unidades da Federação, menos 0,5 ponto porcentual, enquanto Mato Grosso foi o que mais avançou, com um ganho de 0,4 ponto porcentual.
Aumento da Margem de Comercialização
Em 2020, as empresas comerciais obtiveram R$ 942,7 bilhões em margem de comercialização, ou seja, em retorno do esforço de vendas após descontado o custo.
As empresas comerciais registraram taxa de margem de comercialização média de 28,8%. A taxa de margem de comercialização foi de 37,4% no varejo, 22,7% no atacado e 22,4% no comércio de veículos e motos.
Em certa medida, esse indicador pode refletir o poder de mercado e a capacidade de determinar preços, por exemplo.
explicou o IBGE
A maior parcela ficou por conta do comércio varejista, com R$ 511,7 bilhões (54,3%), seguido do comércio atacadista, com R$ 364,5 bilhões (38,7%), e comércio de veículos, peças e motocicletas, com R$ 66,5 bilhões (7,0%).
Dos 22 agrupamentos do comércio, as cinco maiores taxas de margem de comercialização foram registradas no varejo:
- Comércio varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho: 80%;
- Comércio varejista de artigos culturais, recreativos e esportivos: 62,8%;
- Comércio varejista de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos: 60,7%;
- Comércio varejista de produtos novos e usados sem especificação: 52,7%;
- Comércio varejista de informática, comunicação e artigos de uso doméstico: 52,2%.
Na direção oposta, as menores taxas de margem de comercialização têm como destaques:
- Atacado de combustíveis e lubrificantes: 6,8%
- Comércio de veículos automotores: 13,0%;
- Atacado de matérias-primas agrícolas e animais vivos: 15,4%.
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