Dados divulgados nesta terça (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,62% em dezembro do ano passado, fechando 2022 com um avanço de 5,79%.
Esta foi a 4ª vez consecutiva que a inflação finaliza o ano acima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional. Para 2022, a meta era 3,5% e teto de 5%.
Influências no IPCA de 2022
O IPCA do ano passado foi impactado principalmente pelo grupo de Alimentação e bebidas (11,64%), que teve a maior influência no acumulado do ano, que foi de 2,41 pontos percentuais.
Neste grupo, o componente de alimentação no domicílio (13,23%) exerceu a maior influência na alta. Os destaques foram a cebola (130,14%), que teve a maior alta entre os 377 subitens que compõem o IPCA, e o leite longa vida (26,18%), que contribuiu com o maior impacto (0,17 p.p.)
André Almeida, analista de preços do IBGE, explicou que a alta da cebola está relacionada à redução da área plantada, ao aumento do custo de produção e a questões climáticas. No caso do leite, os preços subiram de forma mais agressiva entre março e julho de 2022, quando a alta acumulada no ano chegou a 77,84%.
A alimentação fora do domicílio avançou 7,47%, com a refeição crescendo 5,86% e, o lanche, 10,67%.
Em seguida, aparece o grupo Saúde e cuidados pessoais, com 11,43% de variação e 1,42 p.p. de impacto. A principal contribuição (0,61 p.p.) veio dos itens de higiene pessoal (16,69%), em especial os perfumes (22,61%) e os produtos para cabelo (14,97%).
O IBGE também destacou o plano de saúde, com alta de 6,90% e impacto de 0,25 p.p. no IPCA acumulado do ano, e produtos farmacêuticos, com alta de 13,52%.
A maior variação veio do grupo Vestuário (18,02%), que teve altas acima de 1% em 10 dos 12 meses do ano. No acumulado do ano, os preços das roupas femininas (21,35%) e das roupas masculinas (20,77%) subiram acima de 20%.
As variações das roupas infantis e dos calçados e acessórios ficaram em 14,41% e 16,83%, respectivamente, enquanto as joias e bijuterias (3,67%) tiveram a menor variação entre os itens pesquisados.
Uma das principais matérias-primas do setor, o algodão, teve alta acentuada entre abril de 2020 e maio de 2022. De acordo com André Almeida, o crescimento dos custos de produção se intensificam, por conta de uma “retomada da demanda após a flexibilização das medidas de isolamento social decorrentes da pandemia de Covid-19”.
O grupo Habitação ficou próximo da estabilidade, com 0,07% de variação. Neste campo, as principais contribuições positivas vieram do aluguel residencial (8,67%), da taxa de água e esgoto (9,22%) e do condomínio (6,80%).
Os três subitens juntos impactaram cerca de 0,62 p.p. no IPCA acumulado de 2022. Por outro lado, houve queda de 19,01% na energia elétrica residencial, com impacto de -0,96 p.p. no índice.
Diferentemente dos outros grupos, Transportes (-1,29%) tiveram a maior queda e o impacto negativo mais intenso (-0,28 p.p.).
O maior impacto positivo (0,49 p.p.) veio do subitem emplacamento e licença (22,59%). Juntamente, os preços dos automóveis novos (8,19%) e usados (2,30%) continuaram subindo em 2022, embora em ritmo menor que o registrado em 2021 (16,16% e 15,05%, respectivamente).
Neste grupo, também se destacou a alta das passagens aéreas, que subiram 23,53% e contribuíram com 0,14 p.p. no acumulado do ano.
Por outro lado, a gasolina (-25,78%) ficou responsável pelo impacto negativo mais intenso (-1,70 p.p.) entre os 377 subitens que compõem o IPCA.
Variação anual do IPCA
Em dezembro de 2021, o IPCA estava mais brando do que 2022, registrando uma alta de 0,41%. Na época, a variação havia sido de 0,73%.
Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta, com destaque para Saúde e cuidados pessoais (1,60%), que também foi o maior impacto (0,21 p.p.), e Vestuário (1,52%).
Juntos, os grupos Saúde e cuidados pessoais e Alimentação e bebidas representaram cerca de 56% do impacto total do IPCA de dezembro.
INPC
O IBGE também divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,69% em dezembro, 0,31 p.p. acima do resultado observado em novembro (0,38%).
Em dezembro do ano passado, a taxa foi de 0,73%. O acumulado de 2022 foi alta de 5,93%, abaixo dos 10,16% registrados em 2021.
As maiores influências vieram dos alimentícios, que tiveram alta de 11,91%, enquanto os não alimentícios variaram 4,08%. No ano anterior, o grupo Alimentação e bebidas havia apresentado variação de 7,71% e, os não alimentícios, de 10,93%.
Na distribuição regional do índice, a maior taxa ficou com a região metropolitana de São Paulo (7,22%), especialmente por conta das altas do emplacamento e licença (23,66%), e do aluguel residencial (10,48%).
A menor taxa ocorreu na região metropolitana de Porto Alegre (3,05%), cujo resultado foi influenciado pelo recuo nos preços da gasolina (-30,90%) e da energia elétrica residencial (-32,79%).
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