Informações do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (5) pelo Banco Central, mostram continuidade do movimento de melhora das expectativas de inflação para este e o próximo ano, mesmo com as taxas indicando que o BC não deverá cumprir seu mandato principal por três anos consecutivos.
Para este ano, a estimativa para alta do IPCA – índice de inflação oficial – foi reduzida pela 10ª semana seguida, de 6,70% para 6,61%. A revisão é reflexo das desonerações patrocinadas pelo governo para baixar os combustíveis e a energia e também do recuo dos preços da gasolina.
Há um mês, a projeção era de 7,11%. Em relação a 2023, a mediana recuou pela terceira semana consecutiva, de 5,30% para 5,27%, contra 5,36% quatro semanas antes.
Considerando as 56 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2022 passou de 6,61% para 6,27%. Para 2023, variou de 5,34% para 5,09%.
O boletim aponta para três anos consecutivos de estouro da meta a ser perseguida pelo Banco Central, após o descumprimento já observado em 2021, com o IPCA de 10,06%.
A expectativa para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.
A mediana para o IPCA de 2024 mostrou sinais de desancoragem mais ampla, passando de 3,41% para 3,43%, contra 3,30% há um mês.
A previsão para 2025 permaneceu em 3,00%, porcentual igual ao de 60 semanas atrás. A meta para os dois anos é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%.
Projeções para outros meses
Ainda, os economistas do mercado financeiro passaram a prever deflação maior para o IPCA de agosto, de -0,31% para -0,35%. Um mês antes, o porcentual projetado era de queda de 0,15%.
Para setembro, a expectativa de alta do IPCA no Focus cedeu de 0,33% para 0,28%, ante 0,50% há quatro semanas. Para o índice de outubro, a projeção de aumento variou de 0,53% para 0,52%, ante 0,54% um mês antes.
Porém, nos próximos 12 meses, a estimativa para a inflação suavizada acelerou de alta de 5,59% para 5,62% de uma semana para outra – há um mês, estava em 5,69%.
PIB
Depois de ter se surpreendido com o avanço de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, o mercado voltou a elevar as projeções para o resultado deste ano no Boletim Focus.
Agora, espera-se que a alta do PIB em 2022 seja de 2,26%, ante 2,10% na última projeção e 1,98%, há um mês. Esta é a 10ª alta seguida.
A estimativa para a expansão do PIB em 2023 passou de 0,37% para 0,47%, ante 0,40% um mês antes.
Considerando apenas as 45 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2022 avançou ainda mais, de 2,10% para 2,38%. No caso de 2023, houve 44 atualizações nos últimos cinco dias úteis, com variação da mediana de 0,35% para 0,50%.
Além disso, o relatório mostrou mostrou manutenção na projeção para o crescimento do PIB em 2024, em 1,80%. Para 2025, a mediana foi mantida em 2,00%. Quatro semanas atrás, as taxas eram de 1,70% e 2,00%, respectivamente.
Também registrou-se estabilidade na projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2022. A mediana continuou em 59,00%, de 59,15% um mês atrás.
Para a relação entre o resultado primário e o PIB deste ano, o mercado prevê superávit de 0,30% – mesma projeção de quatro semanas antes. Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2022 passou de 6,80% para 6,75%, ante 6,80% de um mês atrás.
Em relação a 2023, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB cedeu de 63,50% para 63,30%, de 63,70% há um mês. A mediana para o déficit primário se deteriorou ligeiramente, de 0,49% para 0,50% do PIB. Para o rombo nominal, a estimativa continuou em 7,70%. Os porcentuais eram negativos em 0,30% e 7,70%, respectivamente, há quatro semanas.
Balança comercial
A estimativa de superávit da balança comercial em 2022 foi alterada de US$ 68,06 bilhões para US$ 68,03 bilhões, ante os mesmos US$ 68,03 bilhões de um mês atrás, segundo a pesquisa Focus.
Para 2023, a projeção continuou em US$ 60,00 bilhões, mesmo valor esperado há quatro semanas.
Em relação à projeção de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos em 2022, a mediana passou de US$ 18,50 bilhões para US$ 19,10 bilhões, contra US$ 18,00 bilhões de um mês atrás. Em 2023, a projeção para o rombo em transações correntes continuou em US$ 30,00 bilhões, mesma expectativa de um mês antes.
Os analistas analistas consultados semanalmente pelo BC esperam que o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o rombo em transações correntes nesses anos. A mediana das previsões para o IDP em 2022 subiu de US$ 58,00 bilhões para US$ 60,00 bilhões, ante US$ 57,20 bilhões de um mês atrás. Para 2023, foi elevada de US$ 65,50 bilhões para US$ 66,00 bilhões, de US$ 61,00 bilhões há quatro semanas.
Taxa Selic
A projeção para a Selic, taxa básica de juros, no fim de 2022 continuou em 13,75% pela 11ª semana seguida. Como este é o nível atual da taxa, é possível dizer que a expectativa majoritária do mercado financeiro é de que o ciclo de alta de juros se encerrou no Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto. Há um mês, o porcentual já era de 13,75%.
Por outro lado, a mediana para a Selic no final de 2023 passou de 11,00% para 11,25%, ante 11,00% de quatro semanas antes.
Levando em conta as 41 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para o juro básico no fim deste ano também seguiu em 13,75%. Para o término de 2023, as 39 revisões feitas nos últimos cinco dias úteis, por sua vez, reduziram a mediana de 11,25% para 11,00%.
Conforme o Boletim Focus, a previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, mesmo porcentual de um mês atrás. Já a mediana para o fim de 2025 foi mantida em 7,50%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.
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