Em levantamento divulgado nesta terça-feira (31), a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontou que a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) cresceu 1,3% na passagem de dezembro para janeiro, descontados efeitos sazonais. O resultado é o maior desde abril de 2020.
A CNC apontou que o ano de 2023 começou com os consumidores de menor renda apresentando mais disposição para gastar. Enquanto isso, as famílias que recebem maiores salários pretendem reduzir seu nível de consumo.
Na comparação mensal, a perspectiva de consumo foi o item que mais apresentou avanço, de 2,7%.
“Esse dado indica que as famílias em geral esperam melhores condições de consumo no futuro. De fato, desde outubro de 2022, a perspectiva de consumo tem se mostrado mais positiva do que o consumo propriamente dito”, disse José Roberto Tadros, presidente da CNC.
Tadros explicou que a inflação mais contida nos últimos meses tem beneficiado a renda disponível para o consumo, a despeito do maior endividamento das famílias.
Em relação a janeiro de 2022, a ICF aumentou 23,1%. O maior destaque ficou com o índice perspectiva profissional, que teve alta de 25,1%.
Principais resultados
Satisfação com a renda atual
Entre os principais resultados da pesquisa, a CNC apontou que os consumidores entrevistados estão mais satisfeitos com a renda atual. O indicador avançou 2% em relação ao mês anterior, e apresentou alta de 31,8% ante o mesmo período de 2022.
Cerca de 39% dos entrevistados afirmaram estar recebendo o mesmo valor do ano passado, e cerca de 35% tiveram melhora da renda. Porém, para 25,6% dos entrevistados, a renda piorou.
Famílias de menor renda querendo gastar mais
De acordo com a CNC, o aumento geral da ICF foi puxado pela intenção das famílias com salários mais baixos, subindo 1,9% em relação a dezembro do ano passado e 25,7% na variação anual.
O índice atingiu 91,2 pontos e, mesmo que ainda esteja na zona de insatisfação (abaixo dos 100 pontos), é o maior desde abril de 2020.
Izis Ferreira, economista responsável pela apuração da ICF, apontou que os consumidores de rendas média e baixa acreditam em uma melhora das condições de consumo, nos próximos meses.
“Uma das causas do otimismo é a ampliação do principal programa de transferência de renda do governo, com o pagamento do valor mínimo de R$ 600, além do incremento de R$ 150 por criança até seis anos”, declarou Izis.
Segundo a economista, essa injeção de mais recursos nos orçamentos das famílias gera ânimo ao consumo mesmo com maior endividamento e dificuldade de acesso ao crédito.
Consumidores de maior renda provavelmente gastarão menos
Enquanto as famílias de menor renda estão mais dispostas a gastar, as de maior renda estão mais frustradas com a conjuntura econômica e menos dispostas a gastar no começo de 2023. Entre estes, a intenção de consumo recuou 1%.
“Os consumidores desse grupo estão menos satisfeitos com o nível de consumo atual, pois estão pagando mais pelos serviços em geral, e mais descontentes com a perspectiva profissional e com o acesso ao crédito, que está mais caro e seleto”, explicou Izis Ferreira.
A economista pontuou que a proporção de endividados no ano passado cresceu mais entre esse grupo, como mostrou o relatório anual de 2022 da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores (Peic), também realizada pela CNC.
Mesmo assim, a ICF continua no espectro do otimismo para essa faixa de renda, com 107,7 pontos. A variação anual indicou crescimento de 15,1%.
Mulheres estão mais endividadas, mas com intenção de consumo maior
No recorte por gênero, a ICF apontou que, entre as mulheres, houve avanço de 3,3% em janeiro e 26% na variação anual na intenção de consumo.
“Mesmo que a Peic tenha mostrado que as mulheres estão mais endividadas do que os homens, a ICF expôs que elas avaliam a renda e o nível de consumo de forma mais positiva do que os homens”, ressalta Izis Ferreira.
Apesar disso, o índice está em 91,4 pontos, ainda no campo de insatisfação. A taxa em relação aos homens está mais alta, em 96,2 pontos, e a perspectiva de compra aumentou 23,1% no comparativo com janeiro de 2022.
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