• Economia

Inflação na Europa segue em nível recorde; “BCs terão de agir”

A inflação na Europa segue atingindo níveis recordes. De acordo com dados revisados da agência de estatísticas Eurostat, a inflação de abril na zona do euro atingiu 7,4% na base anual.

A estimativa preliminar da agência de estatísticas europeia havia ficado em 7,5%.

Já o núcleo da inflação, que exclui os preços voláteis de energia e alimentos, ficou em 3,9% em abril, ante alta de 3,2% em março, de acordo com a Eurostat.

No Reino Unido, a inflação também bateu recorde no mês passado, atingindo 9% na base anual – maior nível dos últimos 40 anos, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas (ONS) publicados hoje.

O patamar de abril mostra uma forte aceleração na comparação com o mês anterior, quando a inflação do país havia ficado em 7%.

Segundo o ONS, as maiores contribuições de alta para a taxa de inflação anual em abril de 2022 vieram de habitação e serviços domésticos (2,76 pontos percentuais, principalmente de eletricidade, gás e outros combustíveis) e transportes (1,47 ponto percentual).

A alta da inflação na Europa tem feito com que os bancos centrais do continente aumentem as taxas básicas de juros para tentar conter o avanço generalizado dos preços. Ainda assim, o nível de juros é considerado baixo.

No começo do mês, o Banco da Inglaterra (BoE) aumentou a taxa básica de juros em 25 pontos-base para 1%, projetando que a inflação atinja dois dígitos até o final do ano.

Segundo André Muller, estrategista-chefe da área macro da AZ Quest Investimentos, os bancos centrais da Europa e dos EUA terão que agir para evitar que a inflação continue acelerando nestes países.

“Os BCs do exterior vão ter que fazer esse trabalho de atingir taxas de juros mais restritivas”, afirmou, durante participação no Podcast da gestora. “O restante de 2022 será [hora de] correr atrás de um juro contracionista, que consiga levar um ajuste da inflação para baixo”, afirmou Muller.

O estrategista destacou que no Brasil o ciclo de aperto monetário começou antes. Desde março do ano passado o BC brasileiro já elevou a Selic 10 vezes seguidas, fazendo com que os juros básicos saíssem de 2% ao ano (mínima histórica) para os atuais 12,75%.

“O Brasil já vem nesse movimento [de alta dos juros] desde o começo do ano passado. Ainda não chegamos no final do ciclo de aperto, mas deve acabar em junho [quando acontece a próxima reunião do Copom], afirmou.

Aqui, apesar da inflação oficial – medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – continuar acima dos 10% ao ano, alguns outros indicadores já mostram uma desaceleração.

É o caso do IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), que teve inflação de 0,41% em abril. O número ficou bem abaixo dos 2,37% observados em março, fazendo com que o indicador acumulasse taxa de 6,44% no ano e 13,53% em 12 meses.

De acordo com a FGV (Fundação Getulio Vargas), responsável pela apuração do índice, em abril de 2021, o IGP-DI havia registrado inflação de 2,22% no mês e 33,46% em 12 meses.

“A inflação no Brasil tem dado sinais de desaceleração nos últimos meses. Este é um ponto relevante que contribui para o fim do ciclo de aperto monetário”, disse Richard Rytenband, economista e CEO da Convex Research.

No entanto, ele lembrou que isso não significa que os preços estejam em queda. “Estão apenas subindo em um ritmo menor”, explica.

Compartilhe esse artigo
  • facebook
  • twitter
  • linkedin

Bolsa de valores

icone caixa de correio Assine nossa newsletter Receba nossas novidades por e-mail. Assine a newsletter

Matérias relacionadas