Os economistas da FGV (Fundação Getulio Vargas) voltaram a destacar as pressões inflacionárias no último Boletim Macro, relatório publicado mensalmente pela entidade.
“Enquanto o impacto da pandemia retrocede, outros fatores contribuem para aumentar as preocupações com o desempenho da economia. O primeiro deles é a inflação, que segue muito elevada e tem surpreendido sistematicamente para cima”, afirmam os economistas.
O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) do mês de setembro ficou em 1,14%, o maior resultado para o mês de setembro desde o início do Plano Real, em 1994, quando ficou em 1,63%. O IPCA-15 funciona como uma prévia do IPCA, o índice oficial de inflação do país.
No ano, o índice acumulou alta de 7,02%. Já no acumulado em 12 meses, a inflação superou a casa dos dois dígitos, ficando em 10,05%.
A FGV aponta uma série de fatores que contribuem para a “tempestade perfeita” da inflação no país. O primeiro deles é a alta nos preços internacionais de commodities, em torno de 40% desde o início da pandemia, que provocou forte alta dos preços de alimentos, derivados de petróleo.
Um outro ponto que contribuiu para o aumento generalizado dos preços foi o forte crescimento mundial da demanda por bens, que acontece em um momento em que as cadeias de suprimentos estão desorganizadas devido à pandemia. A consequência foram novas pressões inflacionárias na indústria. “Os custos de transporte, somados à crise hídrica e energética, também acentuam o choque de preços nas atividades industriais”, destacam os economistas.
Por fim, com o abrandamento do distanciamento social, a demanda por serviços deve voltar a crescer, adicionando mais um ingrediente de pressão na inflação.
“Em nossas projeções, o aumento esperado de preços de serviços não é compensado pela desaceleração de preços de bens. Ou seja, temos uma tempestade perfeita”, afirma a FGV.
Para a entidade, a inflação deve encerrar este ano em 8,7%. A projeção está acima das expectativas do mercado. Segundo o último Boletim Focus, que reúne as expectativas dos analistas do mercado financeiro, o IPCA deve terminar 2021 em 8,45%.
Para 2021, a projeção dos analistas ouvidos para a elaboração do Focus é de uma inflação na faixa dos 4,12%.