De acordo com dados divulgados na última quarta-feira (25) pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o índice que mede o Custo de Vida por Classe Social (CVCS) da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) fechou 2022 com uma alta de 6,3%.
No ano anterior, o avanço registrado foi de 10,02%.
A FecomercioSP afirmou que não houve discrepâncias significativas entre as faixas de renda. As variações ficaram na casa dos 6%, sendo a mais baixa para a classe C (6,06%) e a mais alta para a classe A (6,99%). A classe E, a menos favorecida, ficou com variação de 6,53% no custo de vida.
Destaque para vestuário e saúde
Entre os nove grupos pesquisados pelo levantamento, vestuário e saúde apresentaram os maiores aumentos no ano, de 16,69% e 11,97%, respectivamente.
Em Vestuário, a alta impactou de forma homogênea as faixas de renda. A entidade apontou que o cenário pode ser justificado pelo “disparo nos custos dos insumos, como malhas, algodão e poliéster, além dos custos com o frete internacional”.
O crescimento da demanda, causado pela retomada das atividades pós-pandemia, também colaborou para a alta. Os itens que mais aceleraram foram: vestidos (41,67%), calças compridas femininas (28,5%) e calças compridas infantis (24,38%).
Já no segmento de Saúde, houve pressão diferenciada entre as classes sociais. Para a classe A, o aumento anual foi de 10,84%, porém, para a classe 3, alta de 14,3%.
Os produtos de higiene e beleza ficaram 19,9% mais caros, com destaque para o sabonete (31,69%). No caso dos produtos farmacêuticos, o avanço foi de 12,93%, com quase toda a lista de itens ficando acima dos 10%. A maior variação foi vista nos analgésicos e antitérmicos (17,27%).
Alimentos e bebidas impactando classe menos favorecidas
Tradicionalmente, o grupo de alimentos e bebidas é o que mais pesa no resultado do CVCS. No acumulado de 2022, registrou alta de 10,33%. Portanto, o quarto ano de pressão sobre os custos.
Em 2022, os preços altos sobrecarregaram especialmente as famílias que ganham menos. Para a classe D, o aumento médio do grupo foi de 11,28%, ao mesmo tempo que para a classe B, a alta anual foi de 9,79%.
Segundo a FecomercioSP, a pressão não é causada pelos serviços (bares e restaurantes), mas pelo varejo (supermercados).
A alimentação fora do domicílio subiu 5,39%, enquanto a realizada em casa (compras em mercados) cresceu 13,74%. A entidade ressaltou que a forte alta, por pouco, não foi generalizada.
O destaque foi para os preços de tubérculos e legumes, como a cebola (101,82%) e a batata-inglesa (52,08%). Acima dos 20%, de incremento estão os panificados (22,72%), as carnes e os peixes (22,54%), as farinhas e massas (21,45%) e sal e condimentos (20,99%).
O ano passado foi complexo para os alimentos. Os preços das commodities e os custos internacionais dispararam em decorrência da covid-19, situação agravada pela invasão da Ucrânia, em fevereiro, inflacionando ainda mais os preços, sobretudo do trigo. Para piorar o cenário, o excesso de chuva em algumas localidades e a estiagem em outras reduziram a oferta de itens como cebola, batata e frutas.
afirma um trecho do relatório divulgado pela FecomercioSP
Transporte encerrando o ano estável
No meio do ano passado, o grupo de Transporte apontou um aumento que superava a casa dos 20%. Mas, ao final do ano estava praticamente estável (0,03%). Contudo, foram pressões antagônicas entre varejo e serviços.
O varejo registrou queda de 6,21%, graças aos combustíveis (-18,92%), como nos casos da gasolina (-23,95%) e do etanol (-26,5%).
A medida de redução do teto do ICMS para 17% foi importante para a redução dos valores, além da queda do preço do petróleo no mercado internacional.
disse a entidade
Mas, por uma questão de conjuntural internacional, o óleo diesel registrou aumento de 27,59% no ano.
No setor de serviços, destaca-se o aumento expressivo nas tarifas de táxi e nas passagens aéreas – 41,52% e 28,82% respectivamente.
Este grupo apresentou diferentes impactos nas faixas de renda, de forma que para a classe E, houve deflação de 3,09%, muito em razão dos combustíveis mais baratos, ao passo que para a classe A, a variação foi de 4%, em decorrência do aumento das passagens aéreas.
IPV e IPS
O Índice de Preços do Varejo (IPV) da CVCS acumulou alta de 7,08% em 2022.
Entre os oito grupos que compõem o indicador, apenas um encerrou o 12º mês do ano com decréscimo: transportes (-0,44%). No acumulado, a redução é de 6,21%.
Também houve alta no Índice de Preços dos Serviços (IPS) da CVCS, com um acumulado de 5,44% no ano.
Dentre os oito grupos que compõem o indicador, artigos de residência foi o único que registrou queda de 0,05%.
Perspectivas para 2023
O levantamento da FecomercioSP aponta que a tendência para 2023 é de queda do custo de vida.
Problemas mais estruturais, como a guerra na Ucrânia, estão, de certa forma, sanados; enquanto os pontuais, como as chuvas em excesso ou a estiagem, impactam diretamente os preços dos alimentos. A volta da cobrança dos impostos federais dos combustíveis, a partir de março, deve afetar o bolso dos consumidores, portanto, uma inflação mais moderada pode manter o poder de compra das famílias, principalmente com a recuperação no mercado de trabalho.
finaliza a entidade
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