O cenário econômico global vem chamando a atenção de especialistas devido à sua complexidade e aos riscos que se formam nas principais classes de ativos.
Richard Rytenband, economista e CEO da Convex Research, vem alertando há algum tempo sobre a dinâmica desafiadora nas economias, provocadas por uma série de eventos que se somaram ao longo dos últimos anos.
“Estamos vivendo o cenário mais desafiador das últimas décadas. A última vez que vimos uma configuração econômica assim foi nos anos 1970/80, quando o mundo passou por um período bem complexo”, disse Rytenband, durante live no Instagram. Clique aqui para assistir na íntegra.
Ele destacou que o mundo caminha para uma difícil dinâmica de estagflação, quando a atividade econômica desacelera e o país tem baixo crescimento – ou mesmo recessão – combinado com grandes ondas inflacionárias.
O choque de oferta – provocado principalmente durante o auge da pandemia de Covid-19, que interrompeu a produção em boa parte dos países– e os estímulos monetários, que injetaram muito dinheiro mundo afora, foi fundamental para a situação atual.
“Este é o pior dos mundos. O governo fica com a seguinte questão: se aumentar mais os juros para conter o avanço generalizado dos preços, vai derrubar a economia. É um tipo de configuração bem difícil e não tem um caminho simples para seguir”, afirmou.
Um dos sinais preocupantes de desaceleração global vem da China, que viu sua atividade diminuir nos últimos meses. “Isso já vinha sendo confirmado quando olhávamos indicadores antecedentes da economia chinesa, que antecipam os índices tradicionais de atividade econômica”, diz Rytenband.
Recentemente, a política de Covid zero no país contribuiu para o aumento das incertezas. Diferentemente de outros países do mundo, a China decidiu isolar e fazer lockdowns em cidades inteiras cada vez que um novo surto da doença é detectado – independentemente da quantidade de hospitalizações ou mortes, por exemplo.
Com isso, o mundo vem discutindo os efeitos sobre a economia global, bastante dependente de produtos chineses. A falta de insumos no mercado pode provocar um choque de oferta, afetando os preços e provocando um aumento de inflação.
Além disso, a china é um importante parceiro comercial do Brasil e a redução da sua atividade tem um impacto nas commodities, como metais industriais e agrícolas. “É preciso ficar muito atento aos impactos”, alertou Rytenband.
Diante deste cenário, ele destaca que a alocação de ativos se torna ainda mais desafiadora.
“Este ambiente dificulta quando vamos gerenciar patrimônio. Às vezes não tem muito para onde correr. Tem muitos ativos sofrendo nas últimas semanas e meses. É algo extremamente desafiador mesmo, não tem mágica”, afirmou.
Ele também pontuou que podem existir assimetrias de exposição muito boas e promissoras, mas é preciso olhar com atenção para não cair em armadilhas.