Em coletiva realizada logo após o anúncio da elevação de 0,25 p.p. nos juros pelo Federal Reserve, Jerome Powell, presidente do banco central norte-americano afirmou que a entidade usará de “todos os instrumentos para garantir que sistema bancário siga sólido e seguro” e que o foco principal do momento é baixar a inflação.
Sobre a crise bancária
Powell iniciou sua declaração fazendo referência à crise bancária que o país vem enfrentando nas últimas semanas, mas ressaltou que foram “problemas isolados” que minaram as confianças dos bancos.
Como resposta à crise, o presidente disse que o Fed adotou “ações decisivas para apoiar economia e sistema bancário”, buscando garantir que a ampla liquidez seja fornecida ao sistema bancário.
Em sua visão, a administração do Silicon Valley Bank falhou “terrivelmente”, de forma que expuseram o banco a riscos significativos de liquidez e risco de taxa de juros.
“Sabemos que o SVB experimentou uma corrida bancária maciça e rápida sem precedentes. Como isso aconteceu é a questão. Para fins de nossa ferramenta de política monetária, estamos analisando o que está acontecendo entre os bancos”.
Inflação alta e mercado de trabalho apertado
Sobre outros indicadores econômicos, Powell comentou que a inflação continua alta, o mercado de trabalho, apertado, e para o PIB, quase todos os participantes veem os riscos para o seu crescimento.
Ele assegurou que as políticas devem ser rígidas o suficiente para reduzir a inflação para 2% ao longo do tempo. Para isso, o Fed fará o suficiente para reduzir a inflação para 2%.
Caso o BC não consiga colocar a inflação de volta em seu lugar, Powell explicou que expectativas permanecerão ancoradas.
Especificamente sobre as condições mais apertadas do mercado de trabalho norte-americano, no qual registrou uma taxa de desemprego de apenas 3,6% em fevereiro, Powell disse que os participantes do Fomc esperam que as condições de oferta e demanda no mercado de trabalho cheguem a um melhor equilíbrio ao longo do tempo.
Paralelamente, mesmo com a inflação elevada, com leituras recentes indicando a força das pressões inflacionárias sobre a população, as expectativas de inflação de longo prazo parecem permanecer bem ancoradas, segundo o presidente do Fed.
Expectativas e futuras decisões
Fazendo uma comparação com o cenário da última reunião, Powell disse que o indicadores econômicos estão mais fortes do que o esperado, porém, acredita que os acontecimentos no sistema bancário nas últimas duas semanas resultarão em condições de crédito mais restritivas.
“É muito cedo para determinar a extensão desses efeitos e muito cedo para dizer como a política monetária deve responder”, afirmou Jerome Powell, em coletiva.
O presidente do BC assegurou que as próximas decisões serão feitas com foco em dados e no quadro econômico, deixando de afirmar que a entidade prevê que os aumentos contínuos das taxas serão apropriados para conter a inflação.
O Fed, agora, enxerga que alguma “política adicional de firmeza” pode ser apropriada.
“Se a economia não evoluir como projetado, o rumo da política se ajustará conforme apropriado para promover nossas metas de máximo emprego e estabilidade de preços. É importante mantermos essa confiança com nossas ações e também com nossas palavras”, declarou.
Sobre a elevação decidida nesta reunião, Powell disse que o comitê chegou a avaliar uma eventual pausa no aperto monetário, mas que a eventual crise no crédito não foi o que levou ao reajuste de 0,25 pp. O que foi avaliado foi um possível risco de contágio para outros bancos.
Nos próximos encontros, os integrantes do Fomc passarão a prestar atenção em dados e efeitos do aperto no crédito
Se o cenário projetado se confirme – crescimento razoavelmente fraco e queda gradual da inflação -, os dirigentes não preveem corte de juros em 2023. Mas, se for preciso, Powell disse que o Fed elevará a taxa de juros.
Após os comentários do presidente do Federal Reserve, o Fed Funds ‘dá por encerrado’ aperto monetário. A maior parte das apostas (53,5%) veem manutenção de juros na próxima reunião realizada em maio.
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