A taxa de desemprego no Brasil ficou em 8,6% no trimestre encerrado em fevereiro, um aumento de 0,5 ponto percentual (p.p.) na comparação com os três meses anteriores.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), este é o menor resultado para o período desde 2015 (7,5%).
O IBGE detalhou que o número de desocupados cresceu 5,5%, chegando a 9,2 milhões de pessoas, o que representa um acréscimo de 483 mil pessoas à procura por trabalho.
“No trimestre encerrado em fevereiro, esse aumento da desocupação ocorreu após seis trimestres de quedas significativas seguidas, que foram muito influenciadas pela recuperação do trabalho no pós-pandemia. Voltar a ter crescimento da desocupação nesse período pode sinalizar o retorno à sazonalidade característica do mercado de trabalho. Se olharmos retrospectivamente, na série histórica da pesquisa, todos os trimestres móveis encerrados em fevereiro são marcados pela expansão da desocupação, com exceção de 2022”, disse Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
O número de ocupados diminuiu 1,6%, com retração de 1,6 milhão de pessoas no mercado de trabalho frente ao trimestre anterior. Com isso, o nível de ocupação, que é o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, chegou a 56,4%, uma queda de 1,0 p.p. na mesma comparação.
“A população ocupada tem um comportamento que é o inverso da trajetória da população desocupada. Nos primeiros meses do ano, há um movimento praticamente conjugado, de retração da população ocupada e a expansão da desocupação. Isso é ligado tanto às dispensas dos trabalhadores temporários que costumam ser contratados no fim do ano quanto à maior pressão do mercado de trabalho após o período de festas”, explicou a coordenadora.
Categorias
Entre as categorias que mais perderam postos de trabalho no período estão:
- Empregado sem carteira no setor público: 14,6% ou menos 457 mil;
- Empregado sem carteira assinada no setor privado: -2,6% ou menos 349 mil pessoas;
- Trabalhador por conta própria com CNPJ: -4,8% ou menos 330 mil.
O número de empregados com carteira assinada no setor privado ficou estável após seis trimestres consecutivos de crescimento significativo.
Na comparação com o trimestre anterior, houve redução de 206 mil pessoas na categoria dos empregadores, que agora soma 4,1 milhões de pessoas. Já o número de trabalhadores domésticos ficou estável e é estimado em 5,8 milhões.
A taxa de informalidade também ficou estável no trimestre (38,9%).
Não houve crescimento de ocupação em nenhum dos setores analisados pela pesquisa. Quatro deles tiveram retração no período:
- Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais: -2,7%, ou menos 471 mil pessoas;
- Indústria geral:-2,7%, ou menos 343 mil pessoas;
- Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: -2,3%, ou menos 202 mil pessoas;
- Outros serviços: -3,2%, ou menos 171 mil pessoas.
Os outros setores investigados se mantiveram estáveis.
Segundo Beringuy, no setor da administração pública, essa retração na ocupação tem razões sazonais.
“No caso dessa atividade, a retração tem relação com os setores de saúde e, principalmente, de educação. É possível observar, ao longo da série histórica, que no início de cada ano, há dispensa especialmente dos trabalhadores sem carteira contratados pela administração pública de forma temporária”, destacou.
Com o aumento da desocupação e a retração no número de pessoas ocupadas, a população fora da força de trabalho cresceu 2,3%, o que representa 1,5 milhão de pessoas a mais.
A força de trabalho potencial, aqueles que não estavam ocupados nem procuravam uma vaga no mercado, mas tinham potencial para se transformarem em força de trabalho, estimada em 7,3 milhões, ficou estável.
O número de desalentados também ficou estável quando comparado ao trimestre anterior. Eles somam 4 milhões de pessoas.
Rendimento fica estável
O rendimento médio real foi estimado em R$ 2.853 e ficou estável frente ao trimestre encerrado em novembro.
Houve aumento apenas nos setores de Alojamento e alimentação (6,0%, ou mais R$ 107) e Serviços domésticos (2,6%, ou mais R$ 28). Os outros ficaram estáveis.
No que se refere às posições na ocupação, houve aumento entre os trabalhadores domésticos (2,6%, ou mais R$ 28) e empregados no setor público, inclusive servidor estatutário e militar, (2,0%, ou mais R$ 84).
A massa de rendimento também ficou estável frente ao trimestre anterior. Ela foi estimada em R$ 275,5 bilhões, crescendo 11,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
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