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Criptomoedas na bolsa: veja quais são as principais ações de empresas do setor

Quando o Bitcoin (BTC) surgiu, a ideia do seu criador Satoshi Nakamoto era fornecer uma alternativa ao sistema financeiro tradicional. Ou seja, tornar-se o meio de pagamento padrão para aqueles que não confiavam em bancos, bolsas de valores e outros meios.

Mas conforme o valor do BTC cresceu e o ecossistema se formou, o que ocorreu foi uma simbiose de ambos. Aos poucos o mercado tradicional começou a incorporar qualidades das criptomoedas, como sistemas de pagamento 24 horas, sendo o Pix brasileiro o principal representante dessa simbiose.

Por outro lado, muitas empresas do setor de criptomoedas começaram a utilizar o mercado tradicional para crescer, por meio de várias parcerias. Escritórios de venture capital passaram a investir em empresas do setor, como a famigerada FTX, e outras empresas decidiram recorrer à bolsa de valores para se financiar.

Isso significa que o investidor pode não apenas comprar criptomoedas, como também investir e se tornar sócio de grandes empresas do setor. Mas como todo investimento do tipo, é preciso ter cuidado na hora de escolher e avaliar essas empresas. Por isso, vamos conhecer quais são os principais setores e empresas de criptomoedas listados em bolsa atualmente.

Empresas e setores

De maneira geral, as empresas do setor de criptomoedas podem ser divididas em dois tipos. O primeiro são as empresas nativas do setor, aquelas que têm seu modelo de negócio voltado especificamente para o mercado. Nomes como Marathon Digital, Coinbase e Silvergate fazem parte desse grupo.

O segundo grupo é formado por empresas que atuam em segmentos mais tradicionais, mas que possuem reservas de BTC ou projetos voltados para criptomoedas. Companhias como Tesla, MicroStrategy e até o PayPal se encaixam nessa categoria.

Além disso, as empresas de criptomoedas que possuem ações em bolsa estão divididas em vários setores. Os principais deles são os seguintes.

Exchanges e bancos

As exchanges e os bancos ligados a criptomoedas fornecem serviços financeiros ligados a este setor. Por meio dessas plataformas, os usuários podem comprar e vender criptomoedas, fazer custódia (algo que não é recomendado fazer nesses serviços) e enviar e receber criptomoedas.

No caso dos bancos, essas companhias também atuam no mercado de crédito tradicional. Os bancos concedem empréstimos e linhas de crédito voltados para empresas de criptomoedas, disponibilizam compra e venda para investidores institucionais, entre outros serviços. As principais empresas desse setor são:

  • PayPal (PYPL);
  • Block Inc. (SQ);
  • Coinbase (COIN);
  • Silvergate Capital (SI).

Mineradoras

As mineradoras são companhias que focam na “produção” de novos BTC, atividade que também contribui com a segurança da rede. Os mineradores utilizam computadores de última geração para realizar cálculos complexos e tentar criar os blocos da rede.

Cada vez que um minerador cria um bloco, ele recebe uma recompensa em BTC por ter feito isso. O valor atual dessa recompensa é de 6,25 BTC por bloco, ou cerca de R$ 735 mil em valores atuais).

Dessa forma, as mineradoras de BTC contam com dezenas ou até centenas de máquinas que fazem esses cálculos em busca de adquirir a recompensa dos blocos. O lucro dessas empresas é oriundo justamente do lucro dessa atividade e as principais mineradoras listadas em bolsa no mundo são:

  • Marathon Digital (MARA);
  • Hut 8 (HUT);
  • CleanSpark (CSLK);
  • Argo Blockchain (ARG-LN);
  • Core Scientific (CORZ).

No entanto, o setor de mineração é um dos mais arriscados, pois o preço das ações está intrinsecamente ligado ao BTC. Isso faz com que esses papéis possam atingir quedas de 50%, 60%, até 70% quando o preço do BTC também está em tendência de baixa.

Outras empresas

Além das empresas que atuam diretamente no setor de criptomoedas, tem outras que possuem ligações indiretas. Essas empresas produzem equipamentos usados na indústria, fornecem pagamentos ou compra/venda de criptomoedas ou simplesmente compram BTC como parte de suas reservas.

Por exemplo, há a NVIDIA (NVDA) e a AMD (AMD), que fabricam placas de vídeo utilizadas na mineração de criptomoedas menores, como Monero (XMR). Outras, como a já citada PayPal e o banco brasileiro Nubank (NU), fornecem compra e venda de criptomoedas (o Nubank é brasileiro mas tem suas ações listadas na bolsa de Nova York).

Por fim, existem a MicroStrategy (MSTR) e a Tesla (TSLA) no grupo de empresas que compraram BTC como parte de suas reservas. A SQ também está nesse grupo, bem como no grupo de pagamentos com o seu Cash App.

ETFs de criptomoedas

Os ETFs são fundos de investimento cujas cotas são negociadas diretamente na bolsa de valores. Portanto, embora sejam fundos, eles são ativos da renda variável da mesma forma que ações e REITs, por exemplo.

Além disso, os ETFs são fundos que costumam investir em teses específicas de investimento. Nesse sentido, existem ETFs do setor de games, energia, urânio, tecnologia e até de criptomoedas.

Os ETFs também se dividem em dois tipos: spot e indiretos. Um ETF spot (ou “à vista”) negocia diretamente o ativo em questão. Por exemplo, um ETF spot de ouro compra ouro diretamente e deixa esse ouro em custódia. Já os ETFs indiretos investem em ativos subjacentes. No mesmo exemplo, um ETF indireto de ouro investiria em contratos futuros que seguem o preço do metal, não no ouro em si.

Nos Estados Unidos, os ETFs de criptomoedas ainda são poucos e todos eles são indiretos. Ou seja, o fundo aplica em contratos futuros que seguem o preço da criptomoeda ao invés de comprá-la diretamente.

Todos os ETFs aprovados até hoje são de BTC. Os principais são o ProShares Bitcoin Strategy ETF (BITO), que foi o primeiro ETF de BTC da história, e o Valkyrie Bitcoin Strategy ETF (BTF), que veio logo em seguida. Há também o VanEck’s Bitcoin Strategy (XBTF).

Além disso, existem ETFs que investem em empresas ligadas ao setor de criptomoedas e blockchain. É o caso do Bitwise Crypto Industries Innovators ETF (BITQ), que possui no seu portfólio ações como COIN e MSTR

ETFs negados

Quanto aos ETFs spot de BTC, as propostas enviadas até hoje receberam negativas da Securities and Exchange Commission (SEC), o órgão regulador do mercado financeiro americano. E não faltaram tentativas de aprovar um fundo desse tipo nos EUA.

Grandes gestoras focadas em tecnologia e criptomoedas, como a Ark e a Grayscale Investments, tiveram seus pedidos negados. A Grayscale, por exemplo, já tem um fundo de investimento em BTC, o GBTC, que é praticamente um ETF. Mesmo precisando de poucos ajustes, a SEC negou o pedido da gestora de transformar seu fundo num ETF spot.

Recentemente, a gestora WisdomTree solicitou a aprovação do WisdomTree’s Bitcoin ETF Spot, mas a SEC negou o pedido mais uma vez. A negativa mais recente foi ao 21Shares Spot Bitcoin ETF, da Ark, que foi rejeitado no final do ano passado.

De acordo com a SEC, a justificativa é que as gestoras não deram informações claras sobre a segurança da custódia dos BTC. Além disso, a autarquia apontou que os fundos representam um risco maior para os investidores.

Conclusão

Apesar de ser uma classe nova de ativos, as criptomoedas conquistaram o interesse dos grandes investidores por causa do seu potencial e valorização. Isso beneficiou o mercado como um todo, que ganhou uma nova área de interesse e investimentos.

No entanto, as ações do setor são mais voláteis do que a média do mercado, dada a natureza das criptomoedas. É preciso redobrar os cuidados e as análises dos fundamentos das empresas antes de investir, com foco especial na solidez financeira. 

Quanto melhor for a saúde financeira da empresa, maior a probabilidade dela conseguir prosperar mesmo durante um momento de queda. E maior é a probabilidade do investidor conseguir aproveitar bem os momentos de valorização do ciclo.

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