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Bitcoin e ouro: aliados e melhores investimentos de 2023

Se tem dois ativos que tiveram desempenho recorde em 2023, esses ativos são o Bitcoin (BTC) e o ouro. A criptomoeda valorizou quase 80% desde o início do ano e retomou os US$ 30 mil, enquanto o ouro valorizou mais de 10% no ano, superou os US$ 2.000 por onça-troy e teve no primeiro trimestre de 2023 seu maior fechamento trimestral na história.

Por conta disso, a narrativa do BTC como “ouro digital” voltou à tona entre vários analistas e até na comunidade de entusiastas de cada ativo. Mas, ao invés de despertar análises profundas, isso deu ensejo a uma discussão infrutífera de ego sobre qual ativo é “melhor” do que o outro.

Só que não existe um “melhor absoluto” entre os investimentos, e sim classes de ativos diferentes. E cada classe de ativo é melhor do que a outra em áreas diferentes. Por isso, no texto de hoje vamos falar especificamente do BTC e do ouro para mostrar as qualidades e limitações de cada um.

Ouro digital ou Bitcoin analógico?

Desde o seu surgimento, o BTC recebeu a alcunha de “ouro digital” por causa de suas muitas qualidades. Alguns investidores foram além e passaram a chamar o metal de “Bitcoin analógico”, por se tratar de uma suposta versão obsoleta da criptomoeda.

Só que essas definições não são exatas, pois deixam de lado as particularidades de cada investimento. O certo seria colocar o ouro como uma reserva de valor já estabelecida e que se provou como uma excelente maneira de guardar e transferir valor no tempo. 

Mas o BTC surge como uma alternativa que pode acumular parte do valor de mercado do ouro, que está estimado em US$ 7,5 trilhões.

Preferido entre os países

No quesito de adoção global, nem o ouro nem o BTC são considerados moeda corrente. El Salvador adotou o BTC como moeda de curso legal em 2021, mas o país também adota o dólar – que é, de fato, a unidade de conta utilizada no país.

Por outro lado, o ouro possui um histórico muito maior como moeda, já que exerceu o papel de moeda global durante séculos. O chamado padrão-ouro clássico, que durou de meados do século XIX até o fim da I Guerra Mundial, foi o auge desse período.

Mesmo com a queda do padrão-ouro em 1971, os maiores bancos centrais do mundo ainda mantém ouro como parte de suas reservas. Em 2022, os bancos centrais compraram mais de 1.100 toneladas de ouro, a maior quantidade desde 1967. A China comprou 62 toneladas do metal, seguida pela Índia com 33 toneladas, mas o destaque foi para a Turquia, que comprou 148 toneladas do metal.

Enquanto isso, El Salvador é o único país que comprou BTC como parte de suas reservas financeiras. De acordo com dados oficiais, o país tem 2.381 BTC em reservas, o que corresponde a US$ 71,6 milhões em valores atuais. O país adquiriu 990 BTC somente no ano passado.

Portanto, em termos de histórico como dinheiro e compra por parte de grandes bancos centrais, o ouro leva vantagem sobre o BTC. E como a demanda desses players tende a ser mais elevada, isso pode beneficiar o metal no longo prazo.

Mobilidade de capital

No quesito de transportar capital entre grandes distâncias, o BTC leva vantagem, já que pode ser enviado de maneira digital. Basta ter um smartphone ou um notebook com uma carteira instalada para enviar BTC para qualquer lugar do mundo.

Além disso, o BTC não possui limites de transferência e tem um custo muito baixo para envio. Por isso é comum ver investidores que transferem US$ 1 milhão ou até US$ 1 bilhão em BTC, num fim de semana à noite, pagando taxas tão baixas quanto US$ 0,75.

Em contrapartida, transportar grandes quantidades de ouro requer uma grande operação de logística com trens e até navios de contêineres. Como resultado, o custo de fazer essas transferências é bem mais elevado, especialmente para o pequeno investidor.

Por isso, guardar BTC em casa também é mais seguro, graças ao preço reduzido das carteiras que permitem guardar milhões em um simples dispositivo. Já o armazenamento do ouro é barato em pequenas quantidades, mas fica mais caro conforme a quantidade aumenta.

Volatilidade de preço

Por fim, essa talvez seja a maior crítica dos investidores de ouro que não gostam do BTC: a instabilidade de preço da criptomoeda. E realmente, ao analisar os dados de curto prazo, o histórico do BTC mostra uma perda de valor superior a 55% desde a máxima de US$ 69 mil registrada em novembro.

No entanto, a história muda quando a análise remonta ao médio ou longo prazo. Por exemplo, o preço do BTC multiplicou-se por 10 vezes após o Coronacrash de 12 de março de 2020 – pouco mais de três anos. Em contrapartida, a onça-troy de ouro valorizou apenas 20% no mesmo período, ou 50 vezes menos.

Portanto, a volatilidade do BTC é muito alta e pode gerar perdas no curto prazo, mas também é capaz de proporcionar ganhos maiores. Só que mesmo a volatilidade do BTC está diminuindo, de acordo com dados do analista on-chain da Convex Research Giovanni Rosa. 

“Em 90 dias, a volatilidade caiu 53%. Esse movimento reforça ainda mais o Bitcoin seguindo o caminho do ouro”, disse Rosa em sua conta no Twitter. E de fato, o BTC chegou a ficar menos volátil do que o ouro neste período.

Conclusão

Ao contrário do que muitas discussões vazias levam a crer, o ouro e o BTC não são inimigos, mas sim aliados complementares. Ambos cumprem bem seu papel como reservas de valor, mas o BTC ainda pode dar um incremento de rentabilidade para um portfólio.

Por outro lado, o ouro proporciona mais segurança e estabilidade no curto prazo, além de contar com um histórico maior de credibilidade. Não é à toa que ambos estão entre as melhores opções do ano e possuem espaço em qualquer portfólio.

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