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As três propriedades do dinheiro e como o Bitcoin se encaixa nelas

Desde o seu surgimento, o Bitcoin (BTC) despontou não apenas como uma tecnologia revolucionária, mas como uma nova forma de dinheiro. Um dinheiro 100% digital, descentralizado e livre de qualquer interferência de governos ou bancos centrais.

Nesse sentido, o BTC de fato atende a muitas qualidades do que é o dinheiro. Mas ao mesmo tempo, ele não é considerado moeda na maioria dos locais do planeta, com exceção de El Salvador e da República Centro-Africana.

Ao longo dos últimos 14 anos, a discussão sobre se o BTC é dinheiro ou não só fez aumentar e se expandir para vários meios. Se antes eram somente nerds que discutiam isso em fóruns, hoje até mesmo políticos trouxeram esse debate para suas tribunas.

Mas, o que exatamente é a moeda, o que um bem precisa ter para poder ser considerado moeda? E será que o BTC tem algumas das propriedades de uma moeda, mesmo que não tenha outras? Por isso, o texto de hoje trará os seguintes pontos:

  • o que é moeda e dinheiro?
  • as propriedades do dinheiro;
  • como o BTC se encaixa em cada propriedade.

O que é moeda e dinheiro?

De acordo com a definição que geralmente se usa na economia, moeda é meio pela qual são efetuadas transações monetárias no dia-a-dia. Ou seja, trata-se de um meio que as pessoas utilizam para comprar bens e serviços e recebem em troca dos bens e serviços que vendem.

No cenário atual, a moeda equivale a papel-moeda (cédulas e moedas) e depósitos a vista (dinheiro no banco em que você pode tirar a qualquer momento). Mas nem tudo que é moeda é dinheiro, ou vice-versa.

Isso porque muitos economistas definem o dinheiro como “qualquer objeto ou registro verificável que seja geralmente aceito em troca de bens e serviços em um país ou contexto sócio-econômico”. 

Portanto, segundo esta definição, bens que não são moeda podem ser usados como dinheiro. O ouro, por exemplo, não é moeda em nenhum país do mundo atualmente, mas pode ser utilizado como dinheiro. Já os cigarros são uma forma de dinheiro utilizada em contextos como guerras e prisões, e assim por diante.

As três propriedades do dinheiro

De maneira geral, qualquer bem pode servir como dinheiro, conforme a história da humanidade mostra. Nós, seres humanos, já utilizamos bens como gado, grãos de cevada e até sal como dinheiro (essa é a origem da palavra salário), pois esses bens serviam em determinados contextos.

Ao longo do tempo, a humanidade escolheu os bens que reuniam as melhores qualidades para um dinheiro. E o ouro venceu esta competição justamente por reunir todas as qualidades de um bom dinheiro: ser reserva de valor, meio de troca e unidade de conta.

Reserva de valor

Um bem que é uma reserva de valor consegue preservar o poder de compra com o passar do tempo, seja meses ou até anos. Esse bem não apodrece, não sofre corrosão nem qualquer outra deterioração do tempo.

Dessa forma, quando alguém vende alguma coisa, pode ser um produto ou serviço, você recebe em dinheiro, não precisa sair gastando, pois a moeda não perde valor, ou seja, ela reserva o valor, para consumo futuro.

Por isso, o bem em questão também não pode ser algo muito fácil de criar, já que se alguém cria mais dinheiro, este perde valor ao longo do tempo. É por isso que bens como moedas fiduciárias, gado e frutas não são boas reservas de valor, pois eles não preservam valor.

Meio de troca

O meio de troca nada mais é do que a capacidade de trocar esse dinheiro por outros bens e serviços. Se um bem serve como instrumento de troca, ele facilita a aquisição de produtos e serviços em uma economia. 

Se um grupo de pessoas, uma comunidade ou até um país aceitam um bem como meio de troca, as pessoas conseguem trocá-lo por bens e serviços de forma rápida.

Unidade de conta

Esta normalmente é a última propriedade que um bem adquire antes de virar um dinheiro de fato. A unidade de conta permite que pessoas e empresas possam medir o preço de todos os produtos existentes e compará-los.

Por exemplo, o real é a unidade de conta dos preços no Brasil. Isso significa que alguém pode dizer que um tênis custa R$200,00, ou que uma camisa custa R$50,00. Com isso, pode-se dizer que um tênis equivale ao preço de quatro camisas.

E o Bitcoin?

Em termos gerais, o BTC não é uma moeda, já que a economia tradicional define moeda como um meio circulante emitido pelo estado. No entanto, pelas definições das propriedades do dinheiro, pode-se dizer que o BTC é sim um dinheiro, ou um forte candidato a se tornar dinheiro.

No quesito reserva de valor, o BTC tem preservado seu valor desde que foi criado em 2009. De fato, ele não apenas preservou valor, mas se valorizou bastante, saindo de R$ 0,00 em 2009 para quase R$ 120 mil em valores atuais.

Mesmo num horizonte de prazo menor, o preço do BTC apresentou valorização na casa dos 1.000%. Portanto, a criptomoeda tem atuado como uma excelente reserva de valor desde sua criação.

Como meio de troca, o BTC ainda não é tão aceito quanto moedas fiduciárias, mas ele já é um meio de pagamento muito adotado. No Brasil, por exemplo, diversos estabelecimentos já recebem BTC como pagamento junto com o real, e em El Salvador ele é uma das moedas oficiais do país.

O único quesito no qual o BTC ainda “falha” é na unidade de conta, já que ninguém conta os preços exclusivamente em BTC. Mesmo as empresas que o aceitam como meio de troca possuem seus preços cotados em dólar ou real e depois convertem para BTC. Por causa da sua grande volatilidade, ainda é difícil utilizar o BTC como unidade de conta no dia-a-dia.

Em suma, o BTC preenche bem pelo menos dois dos três requisitos que definem se um bem é dinheiro. Caso a rede continue a se desenvolver e crescer, a criptomoeda poderá atender aos três requisitos e de fato se transformar no dinheiro da era digital.

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