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As 5 maiores baixas do Ibovespa no 1º trimestre

De modo geral, a B3 (bolsa de valores brasileira) apresentou um desempenho negativo ao longo do primeiro trimestre de 2023, com o Ibovespa, principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3, registrando uma queda acumulade 7,16%.

Os três primeiros meses de 2023 foram marcados por um cenário de instabilidade econômica, política e também no mundo dos negócios – tanto no Brasil quanto no exterior.

No caso do contexto brasileiro, o mercado sofreu com temores de inflação, juros permanecendo em patamares altos e grandes empresas do varejo enfrentando crises de proporções nunca vistas antes, como a Americanas.

No cenário internacional, a expectativa pela pressão inflacionária também se fez presente, principalmente nos Estados Unidos, que também enfrenta uma situação de aperto no mercado de trabalho.

Juntamente, as crises no setor bancário norte-americano e suíço também contribuíram para que a volatilidade e o sentimento de incerteza no mercado estivesse mais presente.

Neste artigo, o Money Crunch trouxe a lista das 5 maiores baixas do acumulado do ano do benchmark da Bolsa, junto com as causas do desempenho de cada ação. Confira:

  • Hapvida (HAPV3): -48,43%
  • Alpargatas (ALPA4): -46%
  • Qualicorp (QUAL3): -37,3%
  • Locaweb (LWSA3): -31,77%
  • CVC (CVCB3): -30,73%

Hapvida (HAPV3)

O Grupo Hapvida, maior operadora de saúde do Brasil, teve um desempenho bastante negativo ao longo do primeiro trimestre, de forma que sua ação registrou a maior queda na B3.

“A Hapvida entrou em março com o pé esquerdo, tendo divulgado aos seus acionistas mais um resultado decepcionante no 4T22 e que fez com que suas ações caíssem, em um único pregão (01/03), assombrosos -33%”, relembrou Victor Bueno, analista da Nord Research.

De acordo com Bueno, os números da companhia foram impactados pela sinistralidade ainda em tendência negativa, com os reajustes de preços não sendo suficientes para compensar o aumento dos custos.

O cenário foi desafiador para o setor de saúde como um todo, conforme destacou José Eduardo Daronco, da Suno Research.

“Não só a Hapvida, mas todas as provedoras de seguros de saúde estão sofrendo muito, desde o ano passado. Se no início da pandemia as pessoas diminuíram significativamente o uso dos planos de saúde, evitando fazer procedimentos eletivos, atualmente o cenário se inverteu significativamente. O número de exames e procedimentos eletivos (que não são urgentes) aumentou muito, impactando a sinistralidade das empresas de saúde”, afirmou o analista.

Alpargatas (ALPA4)

No cenário macro, as ações da Alpargatas, dona da Havaianas, foram diretamente afetadas pelos juros altos. Já no micro, a companhia já vinha mostrando os sinais para a forte queda dos papéis da empresa.

“A Alpargatas apresentou resultados fracos no 4T, abaixo das nossas estimativas que já eram conservadoras, devido a i) uma dinâmica de receita pressionada pelo cenário macroeconômico mais desafiador no Brasil, além de ajustes operacionais nas operações internacionais; ii) baixa de estoques no Brasil, EUA e China levando a uma pressão de rentabilidade em margem bruta; e iii) despesas com reestruturação no valor de R$ 49,3 milhões”, declararam analistas da XP, em relatório.

Apenas no dia 10 de fevereiro, sessão pós-resultado do quarto trimestre, as ações desabaram 18,68%, após chegarem a cair mais de 20% no intraday.

Ao final do 4º trimestre do ano passado, a Alpargatas relatou um prejuízo líquido de R$ 21 milhões, após lucro de R$ 303,1 milhões um ano antes. 

“Embora a companhia tenha divulgado algumas iniciativas para enfrentar os desafios operacionais e macroeconômicos, os efeitos positivos mais materiais devem ser vistos somente a partir do segundo trimestre”, disse a equipe da XP, que agora tem recomendação “neutra” para o papel.

Qualicorp (QUAL3)

Ao lado da Hapvida, a Qualicorp é outra companhia do setor de saúde que registrou uma forte queda no 1º trimestre de 2023. Porém, já havia registrado um fraco desempenho em 2022, quando fechou em baixa de 65%.

“A administradora de planos de saúde teve uma perda líquida de 58 mil beneficiários no trimestre e os reajustes nos preços de planos de saúde ao longo do ano continuaram a promover novos churns (cancelamentos)”, explicou Victor Bueno, da Nord Research.

Dessa forma, a Qualicorp apresentou um baixo crescimento em suas receitas e entregou um prejuízo líquido de R$ 80 milhões no trimestre – revertendo o lucro de R$ 51 milhões apresentado no mesmo período do ano anterior, declarou o analista.

Locaweb (LWSA3)

Na última semana, a Locaweb, especializada em serviços de tecnologia, anunciou um lucro líquido de R$ 18,9 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo prejuízo líquido de R$ 7,2 milhões no mesmo intervalo de 2021.

Porém, em termos ajustados, o lucro passou para R$ 60,9 milhões, alta de 123,9%.

Mesmo com o lucro, analistas da XP avaliaram que a Locaweb reportou resultados fracos no quarto trimestre, abaixo de suas estimativas.

“Rebaixamos a Locaweb (LWSA3) para Neutro com preço alvo de R$ 7,5/ação para o fim de 2023. Estamos diminuindo nossas estimativas de lucro líquido para 2023-24 em -37%/-32%, respectivamente, devido a: (i) crescimento de receita menor do que o esperado nos segmentos Commerce e Be Online/SaaS daqui para frente; (ii) margens pressionadas com integração de M&A ainda incipiente; (iii) maiores despesas financeiras da Yapay/Vindi; e (iv) instabilidade macro com taxas de juros mais altas, que impactam as ações de alto crescimento e de longa duração”, declararam os analistas em relatório.

Assim como outras empresas de tecnologia, o cenário de alta nos juros afetou diretamente as ações, juntamente com uma desconfiança em relação à recuperação de suas operações, com o crescimento da receita em um ritmo mais lento do que seus pares.

“Destacamos uma mudança estrutural no segmento de Commerce, já que o negócio de Pagamentos representa ~29% (no 3T22) da receita do Commerce, crescendo consistentemente desde o 1T22, enquanto o ecommerce GMV vem diminuindo seu ritmo de crescimento desde o 4T21”, disse a equipe da XP.

CVC (CVCB3)

A forte queda nas ações da CVC foram causadas principalmente pelo escândalo contábil envolvendo a Americanas, que evidenciou a crise de crédito em outras empresas endividadas.

Ao final de janeiro deste ano, a CVC anunciou a contratação do banco BR Partners para “assessorar a companhia no reperfilamento de sua dívida a mercado”.

No início de março, a empresa informou ter alcançado um acordo com a maioria dos debenturistas da quarta emissão e com todos os detentores de títulos de dívida da empresa de quinta emissão. O acordo envolve até R$900 milhões em débitos.

Em fato relevante divulgado ao mercado, a CVC afirmou que 75% dos debenturistas da quarta emissão aceitaram o acordo, que permitirá redução do endividamento bruto da empresa. 

O reperfilamento envolve adiamento de prazos de vencimento dos títulos para 3 anos e 6 meses e amortização de 10% a 20% do saldo devedor, além de pagamento de juros.

Analistas do BTG Pactual consideram que a CVC foi um “dos principais beneficiários da reabertura econômica, mas ainda um call mais arriscado de curto prazo”.

“Nossa recomendação neutra é baseada nos grandes desafios que a empresa enfrenta, como o alinhamento entre sua base de franqueados e o crescimento/competição online, enquanto a estrutura de capital ainda é uma preocupação, tornando esta uma opção mais arriscada do que outras players de reabertura”, afirma a equipe em relatório.

Entre em contato com a redação Money Crunch: imprensa@moneycrunch.com.br

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