De acordo com o Relatório Nacional de Emprego ADP, os Estados Unidos criaram 145 mil vagas no setor privado em março. Os dados foram publicados nesta quarta (5) pela ADP Research Institute.
O relatório da ADP serve como uma prévia do relatório de folha de pagamento não agrícola de sexta-feira a ser divulgado pelo Departamento do Trabalho, o payroll.
Porém, embora o ADP possa servir como um indicador da tendência mais ampla de empregos, os dois números podem diferir substancialmente, uma vez que ADP mudou sua metodologia no ano passado e sua contagem em média foi cerca de 100 mil a menos por mês do que o governo em 2022.
O resultado ficou abaixo do esperado, uma vez que o consenso Refinitiv previa a criação de 200 mil vagas. Com isso, os dados de fevereiro foram revisados para cima, passando de 242 mil para 261 mil vagas.
O ADP destacou que a desaceleração da criação de empregos é outro sinal potencial de que o crescimento econômico dos EUA está caminhando para uma desaceleração ou recessão.
Ontem (4), o mercado já havia repercutido os dados do JOLTS, que mostraram que as vagas de emprego nos EUA em fevereiro caíram para o nível mais baixo em quase dois anos. Esta é outra indicação de que o mercado de trabalho está em uma desaceleração.
Enquanto isso, os pedidos às fábricas tiveram uma baixa pelo segundo mês consecutivo.
Os dados do ADP de março mostraram uma elevação das contratações no primeiro trimestre para uma média de 175 mil empregos por mês, abaixo dos 216 mil do quarto trimestre e uma redução acentuada da média de 397 mil no primeiro trimestre de 2022.
“Nossos dados de folha de pagamento de março são um dos vários sinais de que a economia está desacelerando. Os empregadores estão se recuperando de um ano de fortes contratações e o crescimento salarial, após um platô de três meses, está diminuindo.”, afirmou Nela Richardson, economista chefe da ADP.
A remuneração anual aumentou a uma taxa de 6,9% em março, ante 7,2% em fevereiro.
O crescimento do emprego se dividiu quase igualmente entre empresas de serviços e produtoras de bens, que é uma ocorrência incomum, visto que a economia dos EUA é fortemente orientada para serviços, de modo que o setor normalmente gera contratações muito mais fortes.
O relatório apontou para um ganho de 75 mil em serviços e 70 mil em produtores de bens.
No mês passado, porém, as atividades financeiras perderam 51 mil empregos e os serviços profissionais e empresariais caíram 46 mil. A manufatura também teve um declínio de 30 mil.
Do lado positivo, os ganhos ocorreram nos seguintes setores:
- Lazer e hotelaria: 98 mil trabalhadores
- Transporte comercial e serviços públicos: 56 mil
- Construção: 53 mil
- Recursos naturais e mineração: alta de 47 mil
- Educação e serviços de saúde: 17 mil
Do ponto de vista do tamanho, as empresas com menos de 50 funcionários lideram contratação com 101 mil, uma reversão dos últimos meses em que as pequenas empresas tiveram um crescimento limitado de empregos.
Economistas consultados pela Dow Jones esperam que o relatório de sexta-feira mostre um crescimento da folha de pagamento de 238 mil em março e a taxa de desemprego fique em 3,6%.
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