Parte do processo natural de desenvolvimento de qualquer tecnologia disruptiva, a entrada de investidores institucionais que operam conforme os pilares do sistema financeiro tradicional faz parte do contexto atual do mercado de criptoativos.
Sobre essa temática e outras que envolvem o universo cripto, Thatha Saeter, especialista em criptomoedas e diretora de operações da Convex Research, conversou na última semana com Andre Portilho,sócio e head de Digital Asset do banco BTG Pactual.
Na visão de Andre, a colaboração dos participantes do sistema tradicional é um fator primordial para que o mercado de criptoativos prospere, já que esta é uma classe de ativos nova e bastante volátil.
O BTG ingressou neste universo no ano de 2017 – que ficou conhecido por marcado o primeiro boom da divulgação de criptomoedas e suas soluções. “Começamos fazendo trading. Quando você começa a operar no dia a dia com criptoativos, fazendo esse tipo de operação, passa a perceber uma série de facilidades deste tipo de ativo em relação à indústria financeira tradicional. De cara isso chamou nossa atenção”, afirmou.
Segundo ele, ainda havia uma grande polarização de opiniões naquele período. “De um lado, estavam as pessoas que diziam que o Bitcoin/criptomoedas serviam apenas para lavar dinheiro. E, do outro lado, estavam os entusiastas que achavam que o Bitcoin iria resolver todos os problemas do mundo”, destacou.
“Durante o Boom dos ICOs (Ofertas iniciais de criptomoedas, na sigla em inglês), muita gente focou nas fraudes que estavam acontecendo. Para nós, isso era apenas a “espuma” de algo muito maior. Quando olhamos debaixo daquela espuma, percebemos que haviam startups captando dinheiro globalmente, sem intermediário. Isso para o mercado de capitais é algo muito forte. Neste momento, decidimos ir ainda mais a fundo neste universo”, continuou o executivo.
A fuga da polarização se dá através da construção de uma visão neutra, na qual se entende primeiramente o funcionamento da tecnologia para, depois, pontuar quais contribuições ela pode trazer para o mercado. Além das inúmeras oportunidades de trading que surgiram com a popularização dos criptoativos, muitas das suas facilidades foram vistas como vantajosas para o dia a dia.
Porém, atualmente é possível reconhecer um sistema muito mais complexo. “Não se trata mais apenas do Bitcoin, mas de todo esse ecossistema que está se desenvolvendo com novas soluções e projetos”, disse Thata Saeter.
A evolução deste sistema não foge do que ocorreu com outras diversas tecnologias que hoje fazem partes do cotidiano da sociedade. “Se a tecnologia é boa e de fato resolve problemas, passa a ser adotada, se desenvolve e é institucionalizada. Foi assim com o trem, com o automóvel e com a internet”, pontuou Andre.
Mas, por mais que a estrutura da tecnologia traga inovações, o seu início sempre incorpora elementos de práticas passadas. “Dentro do mundo cripto estão sendo construídos pilares que já existem no mundo das finanças tradicionais, como segregação de função, governança, firmas provendo serviços para institucionais operarem e especulares e empresas melhorando o uso dos criptos no varejo”, explicou Andre.
Em sua visão, os próximos passos incluem a convergência, na qual ocorrerá a junção das boas práticas do mercado tradicional com as facilidades da tecnologia cripto, e, por fim, um contexto de total disrupção, com finanças descentralizadas.
Além da participação dos institucionais, a criação de meios de produção de conteúdo sobre educação financeira e, principalmente, educação sobre o funcionamento da tecnologia cripto é outro componente essencial para o sucesso e crescimento.
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