O primeiro semestre de 2022 foi marcado pela ausência de entrega de imóveis comerciais AAA (Triple A, denominação para empreendimentos de alto padrão) na cidade de São Paulo, de acordo com levantamento da consultoria imobiliária CBRE.
Felipe Giuliano, diretor de locação de escritórios da CBRE, ressaltou que a legislação da cidade vem travando a construção desse tipo de empreendimento na cidade. “O Plano Diretor inibe a entrega de grandes complexos em SP. Isso está culminando na construção de empreendimentos menores na cidade, como estamos vendo agora”, afirmou, durante o Real Talks CBRE, que trouxe dados do mercado de imóveis corporativos no segundo trimestre.
Segundo Giuliano, houve entrega de apenas 22 mil metros quadrados em São Paulo no primeiro semestre deste ano, divididos em empreendimentos menores. Um deles é o Cidade Matarazzo, complexo que engloba hotel, lojas e restaurantes no bairro da Bela Vista, a uma quadra da Avenida Paulista.
De acordo com o executivo, o único empreendimento AAA do ano será entregue nos últimos meses de 2022 na região da Vila Olímpia.
Na live anterior, o diretor de desenvolvimento da CBRE, Denis Espinosa, havia explicado que o zoneamento da cidade de São Paulo não dá incentivos para a realização de grandes projetos corporativos.
O executivo destacou que a cidade exige uma série de compensações para aprovar esse tipo de construção, o que muitas vezes inviabiliza economicamente o projeto.
Uma delas é a doação obrigatória: quando o terreno é maior do que 20 mil metros quadrados, o empresário é obrigado a doar 30% de área para a prefeitura na aprovação do projeto. Se o terreno for maior do que 40 mil metros, o incorporador deve ceder 40%.
“Existe um grande impacto econômico, já que a empresa proprietária do terreno tem uma perda imediata de 30% a 40% do valor do ativo”, afirmou.
Além disso, existe outra exigência municipal que pesa no caixa das empresas do setor: a cota de solidariedade. Em um projeto com mais de 20 mil metros quadrados de área computável, o incorporador precisa doar 10% do terreno para fazer habitações de interesse social – ou então pagar 10% do valor para a prefeitura.