Na última segunda-feira (8), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou o nome do economista Gabriel Galípolo para a Diretoria de Política Monetária do Banco Central. Galípolo é atualmente o “braço-direito” de Haddad, ocupando o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda.
A indicação recebeu críticas de parte do mercado, que destaca que o economista adota uma visão heterodoxa da economia. Já outros lembraram que Galípolo também já atuou no mercado financeiro – ele já foi presidente do Banco Fator.
Assim que a indicação foi anunciada, o economista Richard Rytenband, CEO da Convex Research, opinou que a a Diretoria de Política Monetária deve ser apenas uma das “etapas” de Galípolo no Banco Central.
“Ele está sendo preparado para ser o presidente do Bacen”, tuitou Rytenband, logo após o anúncio.
A visão é compartilhada por outros especialistas. “Acredito que seja uma preparação para que ele assuma a presidência do BC. Primeiro ele entra sem o peso de ser o presidente, começando como diretor de política monetária, que é o segundo cargo mais importante no BC – e já vai poder influenciar lá dentro com suas ideias”, afirmou Flávio Conde, analista de ações da Levante Ideias de Investimentos ao Money Crunch.
Para que Galípolo assuma a diretoria do BC é preciso que o Senado aprove a indicação, após uma sabatina. A data ainda não foi marcada.
Pressão do governo por queda de juros
O consenso do mercado é de que Galípolo foi indicado para levar o posicionamento do governo para dentro do Banco Central.
Nos últimos meses, o presidente Lula vem fazendo críticas contundentes em relação à atuação do BC, que mantém os juros em 13,75% ao ano desde o meio do ano passado.
A insistência do governo em tentar interferir nas decisões do BC, considerado um órgão técnico, gerou críticas. Há algumas semanas, Roberto Campos Neto – presidente do BC e principal alvo das críticas de Lula, reforçou sua visão de que o BC não deve se envolver em “termos políticos”.