Após 2022 passar sem nenhum filme brasileiro em Cannes, nosso país chega com o pé na porta este ano.
Nesta quinta-feira (13) foram divulgados os filmes selecionados para a 73ª edição do Festival de Cannes, o maior e mais prestigiado festival de cinema do mundo. Entre eles, contamos com três produções de realizadores brasileiros: “Firebrand”, de Karim Ainouz, “Retratos Fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho e “A Flor do Buriti”, da paulista Renée Nader e do português João Salaviza.
Estarmos com a presença tão forte em Cannes não é apenas uma prova de qualidade, mas também de relevância aos olhos internacionais.
Karim Ainouz e Kleber Mendonça Filho são rostos conhecidos em Cannes.
Karim, famoso por filmes como “O Céu de Suelly”, “Praia do Futuro” e “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo”, fez sua estreia no festival em 2002 com o clássico “Madame Satã”, e arrebatou o prêmio da mostra Un Certain Regard com o belíssimo “A Vida Invisível”, em 2019.
Agora, em 2023, Karim concorre à Palma de Ouro com sua estreia internacional:“Firebrand”. O longa- metragem é estrelado por Alicia Vikander, Jude Law, Sam Riley e Eddie Marsan, e consistem em um drama histórico que aborda o casamento entre o rei inglês Henrique VIII e sua sexta e última noiva, Catherine Parr.
Já Kleber Mendonça Filho, aclamado diretor responsável por “Vinil Verde”, “Aquarius” e “Bacurau” (ambos selecionados – e premiados, no caso de bacurau – pelo festival em edições anteriores), retorna com seu 5º longa-metragem.
“Retratos Fantasmas” é um documentário que fala sobre os cinemas de rua de Recife, especialmente o Cinema Veneza e o Cine São Luiz, que passam por uma situação de preservação complicada nos últimos anos.
O filme está em processo de realização há pelo menos 5 anos, e nos relembra do primeiro longa do diretor pernambucano, também um documentário (e que documentário): “O Crítico”.
Por fim, “A Flor do Buriti”, projeto do casal Renée Nader e João Salaviza, joga luz na terra indígena da Kraholândia.
O filme propõe-se a investigar os últimos 80 anos do povo Krahô, e em especial o acontecimento durante a Ditadura Militar, quando dezenas de indígenas foram assassinados por dois fazendeiros locais.
O filme discute a violência que mina e se repete contra os povos indígenas do Brasil, e reflete sobre como tais acontecimentos tem consequências e reverberações até hoje para as comunidades.
“A Flor do Buriti” concorre na Un Certain Regard, mostra que premiou os mesmos diretores por “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”, realizado na mesma terra indígena da Kraholândia.
O festival de Cannes 2023 é presidido por Ruben Östlund, duplo vencedor da Palma de Ouro por “The Square” e “Triângulo da Tristeza”, e conta com 19 concorrentes ao prêmio principal do evento, entre eles Wes Anderson, Jonathan Glazer, Wim Wenders e Todd Haynes. Os indicados deste ano são:
- Asteroid City, de Wes Anderson
- Club Zero, de Jessica Hausner
- The Zone Of Interest, de Jonathan Glazer
- Fallen Leaves, de Aki Kaurismaki
- Les Filles D’Olfa, de Kaouther Ben Hania
- Firebrand, de Karim Aïnouz
- Anatomie D’Une Chute, de Justine Triet
- Monster, de Kore-Eda Hirokazu
- Il Sol Dell’avenire, de Nanni Morett
- L’Été Dernier, de Catherine Breillat
- Kuru Otlar Ustune, de Nuri Bilge Ceylan
- La Chimera, de Alice Rohrwacher
- La Passion de Dodin Bouffant, de Tran Anh Hun
- Rapito, de Marco Bellocchio
- May December, de Todd Haynes
- Jeunesse, de Wang Bing
- The Old Oak, de Ken Loach
- Banel e Adama, de Ramata-Toulaye Sy
- Perfect Days, de Wim Wenders