Ao final do último trimestre de 2022, a taxa de desemprego do Brasil estava em 7,9%, um recuo de 0,8 ponto percentual (p.p.) em comparação com o trimestre de julho a setembro. Dessa forma, a taxa média anual do índice foi de 9,3% no ano, uma retração de 3,9 p.p. frente a de 2021, quando marcou 13,2%.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), publicada nesta terça-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado anual é o menor desde o ano de 2015, confirmando que o mercado de trabalho brasileiro não apenas recuperou o impacto da pandemia da COVID-19, mas ultrapassou o patamar pré-pandemia.
“O ano de 2021 foi de transição, saindo do pior momento da série histórica, sob o impacto da pandemia e do isolamento ocorrido em 2020. Já 2022 marca a consolidação do processo de recuperação. Em dois anos, a desocupação do mercado de trabalho recuou 4,5 p.p.”, afirmou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Porém, mesmo com a recuperação, a taxa de desocupação ainda se encontra 2,4 p.p. acima do menor nível da série, apresentado em 2014 (6,9%).
Crescimento de outros índices
Em 2022, outros índices também mostraram fortalecimento. Como foi o caso do contingente médio anual da população ocupada, que cresceu 7,4% em comparação com 2021 – o dado representa um incremento de mais 6,7 milhões de pessoas, chegando a 98 milhões.
Juntamente, o nível de ocupação também cresceu pelo segundo ano consecutivo, após o menor patamar em 2020 (51,2%). O índice registrou 56,6%, em 2022.
Empregados sem carteira assinada em patamar recorde
Enquanto o número de empregados com carteira de trabalho assinada subiu 9,2%, chegando a 35,9 milhões de pessoas, a média anual de empregados sem carteira cresceu 14,9%, passando de 11,2 milhões para 12,9 milhões de pessoas, o maior patamar da série histórica.
“Nos últimos dois anos, é possível visualizar um crescimento tanto do emprego com carteira quanto do emprego sem carteira. Porém, é nítido que o ritmo de crescimento é maior entre os sem carteira assinada”, explicou Adriana.
Paralelamente, o número de trabalhadores domésticos subiu 12,2% em 2022, alcançando 5,8 milhões de pessoas, enquanto o de empregadores atingiu o contingente de 4,2 milhões, também um crescimento de 12,2% em relação a 2021.
Já os trabalhadores por conta própria totalizaram 25,5 milhões, uma alta de 2,6% na passagem de 2021 para 2022.
Resultados por setor
O IBGE apontou que o crescimento do mercado de trabalho entre 2021 e 2022 se destacou nos setores de Comércio e Serviços. Por outro lado, Agricultura foi o único setor a registrar queda.
No setor do Comércio, o IBGE destacou reparação de veículos automotores e motocicletas, que acumulou ganho de 9,4% (mais 1,6 milhão de pessoas) e chegou a cerca de 18,9 milhões de pessoas ocupadas no setor.
A atividade que engloba “outros serviços” foi a com maior percentual de aumento da população ocupada, 17,8%, atingindo 5,2 milhões de trabalhadores. A segunda maior alta foi de Alojamento e alimentação, que cresceu 15,8% e viu o contingente de pessoas ocupadas atingir 5,4 milhões.
O setor de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura teve queda percentual da população ocupada (-1,6%). A Pnad Contínua estimou que 8,7 milhões de trabalhadores estavam ocupados no setor em 2022.
Rendimento médio e taxa de informalidade
O ano de 2022 chegou ao fim com o valor médio anual do rendimento real habitual estimado em R$ 2.715, o que representa 1% a menos que 2021, uma perda de R$ 28.
A média anual da massa de rendimento chegou a R$ 261,3 bilhões e atingiu o maior patamar da série, com alta de 6,9% (mais R$ 16,9 bilhões) em relação a 2021.
No referente à taxa de informalidade, a Pnad Contínua registrou queda, indo de 40,1% em 2021 para 39,6% em 2022. Porém, mesmo com a redução, a taxa ainda supera o início da série em 2016 (38,6%) e 2020 (38,3%).
A taxa composta de subutilização fechou o ano com média de 20,8%, uma redução de 6,4 p.p. em relação a 2021 (27,2%). Enquanto isso, a média anual da população subutilizada (24,1 milhões de pessoas em 2022) recuou 23,2% frente a 2021.
Trimestre encerrado em dezembro
Considerando apenas o índice do trimestre de outubro a dezembro de 2022, a taxa de desocupação (7,9%) foi 0,8 p.p. menor que a do trimestre de julho a setembro de 2022 (8,7%) e 3,2 p.p. inferior à do mesmo trimestre de 2021 (11,1%).
A taxa composta de subutilização (18,5%) também apresentou queda: 1,6 p.p. ante o trimestre anterior (20,1%) e 5,8 p.p. no confronto com o mesmo trimestre de 2021 (24,3%).
A população desocupada chegou a 8,6 milhões de pessoas, uma queda de 9,4% (menos 888 mil pessoas) frente ao trimestre terminado em setembro e diminuição de 28,6% (menos 3,4 milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre móvel de 2021.
Já a população ocupada atingiu 99,4 milhões de pessoas, mostrando estabilidade no confronto com o trimestre terminado em setembro, mas alta de 3,8% (3,6 milhões de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2021.
O nível da ocupação de dezembro de 2022 foi de 57,2%, igualando-se ao trimestre anterior (57,2%) e subindo 1,6 p.p. no ano (55,6%).
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