De acordo com dados preliminares publicados nesta terça (24) pela S&P Global, o Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro, que abarca os setores industrial e de serviços, avançou de 49,3 para 50,2 na passagem de dezembro para janeiro. Esta é a terceira alta consecutiva e o maior nível em 7 meses de pesquisa.
A prévia superou a expectativa de analistas consultados pelo Wall Street Journal, que previam alta a 49,7 em janeiro.
O mês de janeiro registrou crescimento do setor de serviços pela primeira vez desde julho do ano passado, indo de 49,8 para 50,7. A produção manufatureira foi de 47,8 para 48,8 no mesmo período, tocando o maior patamar em cinco meses. O consenso do mercado era de aumento menor, a 48,4.
No relatório publicado nesta terça, a S&P Global apontou que o crescimento foi impulsionado pelo setor de tecnologia, mas também por assistência médica e farmacêutica.
Paralelamente, observou uma diminuição do cenário de recessão no setor de serviços financeiros, principalmente o imobiliário. Os setores voltados para o consumidor, como turismo, lazer e bens domésticos, apresentaram “sinais de estabilização após vários meses de declínio”.
Aberturas
Embora as novas encomendas tenham caído pelo sétimo mês consecutivo, o declínio foi o menor registrado durante este período.
Novos negócios colocados em prestadores de serviços caíram marginalmente, enquanto os novos pedidos de bens manufaturados diminuíram na taxa mais lenta desde maio passado.
Juntamente, mesmo que os pedidos continuassem caindo – sétimo mês consecutivo – o recuo foi o mais raso de outubro de 2022.
No referente à contratações, o “emprego aumentou no ritmo mais rápido em três meses em janeiro, acelerando tanto na indústria como nos serviços”, disse a agência.
Porém, a taxa de criação de empregos permaneceu mais fraca em comparação com janeiro de 2022.
As fábricas relataram que a taxa de entrega de fornecedores ficou inalterada pelo segundo mês consecutivo, contrastando com o quadro de deterioração da oferta observado nos últimos três anos.
Os prazos de entrega melhoraram pelo terceiro mês consecutivo na Alemanha, mas pioraram na França.
“O estresse da cadeia de suprimentos diminuiu em parte devido à queda demanda por insumos, que voltou a cair acentuadamente em janeiro (embora em menor grau do que em cada um dos três anteriores meses)”, ressaltou o texto.
A diminuição da pressão sobre a cadeia de suprimentos fez com que a inflação fosse aliviada, principalmente nos mercados de energia.
A inflação de insumos registrou a menor alta desde abril de 2021 – embora estando bem acima do nível pré-pandemia. Porém, a inflação dos custos de insumos industriais caiu abaixo do nível pré-pandemia, e o custo de insumos do setor de serviços caiu para o menor nível em 13 meses.
Desempenho por países
Entre os países que compõem a zona do euro, a Alemanha reportou uma pequena queda na produção. O PMI Composto alemão subiu de 49,0 para 49,7 no período, indo para o maior nível desde julho de 2022.
“Enquanto a produção manufatureira continuou caindo a uma taxa taxa inalterada em dezembro, o declínio permaneceu muito menos marcado do que o registrado no outono passado”, afirma um trecho do relatório.
Por outro lado, a produção recuou pelo 3º mês seguido na França. O PMI Composto francês foi de 49,1 para 49,0, indicando uma inclinação marginal na taxa de declínio.
No país, a melhora na manufatura foi combatida por uma queda mais acentuada no setor de serviços.
Nos demais países da zona do euro, a produção voltou a crescer de modo geral, após quatro meses de queda.
Perspectivas
A S&P Global apontou que o retorno ao cenário de crescimento foi acompanhado por uma melhora do otimismo em relação a 2024.
O mês de janeiro registrou o maior aumento mensal do índice que mede as expectativas de negócios da zona do euro desde junho de 2020.
Na visão de Chris Williamson, economista chefe da S&P Global, a estabilização da economia da zona do euro evidencia que a região pode escapar da recessão.
“A pesquisa sugere que um nadir foi atingido em outubro, desde quando temores sobre o mercado de energia em particular foram aliviados pela queda dos preços, ajudado pelo clima mais quente que o normal, e a generosa assistência do governo”, disse o economista.
Paralelamente, a economia chinesa “ajudou a restaurar a confiança nas perspectivas econômicas globais mais amplas para 2023, impulsionando o otimismo empresarial, nitidamente mais alto”.
Porém, Williamson ressalta que a região ainda não está totalmente fora de perigo.
“O caso de taxas de juros mais altas é impulsionado ainda mais pela retomada do crescimento do emprego registrados no mês, e por sinais de aumento salarial, impulsionando o crescimento mais recente nas pressões de preços”, explicou.
O economista conclui dizendo que é preciso ter cautela política, de forma que a estagnação na economia insinua que “um deslizamento renovado em contração não deve ser descartado com o aumento dos custos dos empréstimos”.
Contudo, a “pesquisa sem dúvida traz boas notícias para sugerir que qualquer desaceleração provavelmente será muito menos severa do que anteriormente temido”.
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