Os títulos de inflação voltaram a pagar retornos recordes nesta segunda-feira, com a repercussão da notícia de que o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu que a manutenção do Auxílio Brasil – que voltará a se chamar Bolsa Família – em 2023 pode ocorrer por meio de abertura de crédito extraordinário, de forma que as despesas não estejam incluídas no limite do teto de gastos.
A decisão faz com que o Congresso perca “poder de barganha” com a votação da PEC da Transição e facilita a vida do governo.
“A decisão tem como principal consequência deixar o novo governo numa posição mais vantajosa para a continuação da negociação da PEC da Transição no Congresso”, apontam os analistas políticos da XP Investimentos, em relatório.
Nesta manhã, o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2026 pagava 6,56% ao ano, maior nível histórico.
Já o Tesouro IPCA+ 2045 tinha retorno de 6,43% mais a inflação, 8 pontos base acima da última sexta-feira.
As incertezas fiscais com a PEC da Transição e a possibilidade de mudança na Lei das Estatais contribuem para manter o cenário nebuloso para investimentos no Brasil, aumentando o prêmio de risco pelos ativos de renda fixa.
Sempre que a taxa de juros futuros aumenta e os novos títulos passam a render mais, os papéis que já estão no mercado perdem valor. Com isso, o Tesouro Prefixado 2025 acumula perdas de 1,76% nos últimos 30 dias e o Tesouro Prefixado 2029 cai 5,49%.
Nos títulos de inflação, o prêmio também aumentou bastante nas últimas semanas. Para se ter ideia, uma das maiores altas aconteceu justamente no Tesouro IPCA+ 2026, que rendia 5,96% acima da inflação em 2 de dezembro, e agora paga um prêmio de 6,56% citado no início da reportagem (alta de 60 pontos base).
Veja abaixo o gráfico com a evolução dos prêmios:
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