O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de uma alta de 4,7% para 4,9%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (15) pelo instituto.
A expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para o próximo ano também foi revista de alta de 4,7% para 4,9% no ano que vem.
“Os dados mais recentes mostram que a melhora do cenário de inflação no país, iniciada no segundo semestre do ano, vem se mantendo nos últimos meses, conjugando forte queda dos preços administrados e recuo mais ameno dos preços livres.”, afirmou o Ipea, em Carta de Conjuntura.
Porém, o Ipea manteve as projeções para inflação de 2022 em 5,7% para o IPCA e em 6,0% para o INPC.
Em comparação com as previsões divulgadas na edição anterior da Carta de Conjuntura, houve um leve aumento das projeções de inflação de alimentos, bens industriais e serviço, que passaram para para 13,3%, 9,0% e 7,8%, respectivamente.
“No caso dos preços administrados, em que pese a expectativa de um comportamento favorável dos preços do petróleo no mercado internacional e de um cenário hídrico confortável, estima-se que a deflação apresentada por este segmento em 2022 seja revertida ao longo de 2023, pressionada pelos reajustes contratuais das distribuidoras de energia e das operadoras de planos de saúde, além de uma recomposição mais acentuada das tarifas de transporte público”, apontou o Ipea.
Para os preços administrados, o Ipea projeta uma alta de 5,6% em 2023 tanto no IPCA quanto no INPC. Em relação aos preços livres, é esperada desaceleração em todos os segmentos.
“De fato, mesmo diante de um aumento do risco sobre a taxa de câmbio – advindo, externamente, do aperto monetário mais forte em diversos países e, internamente, das incertezas em relação à política fiscal –, a perspectiva de desaceleração das commodities no mercado internacional, aliada à projeção de uma safra recorde de grãos e à baixa probabilidade de eventos climáticos adversos, ajuda a compor um cenário de alta menos intensa dos alimentos e dos bens industriais”, apontou a Carta de Conjuntura.
Para os bens industriais, o Ipea estima alta de 3,3% no IPCA de 2023, e de 3,4% no INPC. Em meio a nova safra recorde de grãos, a elevação de preços dos alimentos em 2023 foi estimada em 5,2% no IPCA e de 5,1% no INPC.
“Por fim, os efeitos sobre o mercado de trabalho do crescimento mais modesto da atividade econômica em 2023 devem gerar um arrefecimento da demanda por serviços e, por conseguinte, uma desaceleração da inflação deste segmento, cujas altas projetadas para o próximo ano são de 5,4% no IPCA e de 5,5% no INPC.”
Inflação de alimentos
A Carta de Conjuntura do Ipea apontou que, em dezembro, a alta estimada para os alimentos no domicílio, no IPCA, é de 0,8%. Isso gera uma inflação acumulada de 13,3% em 2022, ficando acima da projetada anteriormente (13,2%).
Para o próximo ano, a projeção de inflação para este segmento, medida pelo IPCA, é de 5,2%, desacelerando em relação à registrada em 2022. No caso do INPC, a variação projetada para 2022 também foi revista para cima, passando de 13,8% para 14,2%. Já para 2023, a alta projetada é de 5,1%.
Porém, o Ipea ponderou que não estão descartados “riscos inflacionários adicionais, que podem limitar este processo de desinflação em 2023”.
“Pelo lado da economia mundial, o prolongamento da guerra entre Rússia e Ucrânia pode gerar uma reversão da trajetória mais benevolente das commodities, especialmente do petróleo e dos cereais. Já internamente, as incertezas em relação à política fiscal podem trazer impactos negativos sobre a taxa de câmbio”, escreveram os pesquisadores Maria Andreia Parente Lameiras e Marcelo Lima de Moraes.
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