O novo governo ainda nem começou, mas as primeiras sinalizações geraram um alerta no mercado, especialmente em relação ao compromisso fiscal.
Com o texto da PEC da Transição aprovada no Senado e a escolha dos primeiros ministros, incluindo Fernando Haddad na Fazenda, ainda há muitas incertezas e desconfianças do mercado financeiro. Como era de se esperar, o preço dos ativos reflete este cenário, com queda da bolsa e aumento das taxas de juros e do dólar.
O Money Crunch teve acesso a cartas de gestão de alguns fundos brasileiros. Veja abaixo os principais trechos:
ARX Investimentos:
No cenário doméstico o destaque foi a incerteza relacionada à condução da política fiscal por parte do governo eleito para o próximo mandato, tanto em termos de propostas quanto em termos de composição ministerial (…)
Avaliamos que é essencial prezar pela transparência e pela previsibilidade fiscal, definindo de forma concreta o montante adicional de gastos e o incluindo no alcance a regra fiscal vigente, o teto de gastos (…)
Tal contexto de incerteza fiscal gera dúvidas sobre a trajetória do endividamento e desancora as expectativas de inflação dos agentes para horizontes mais longos.
Az Quest:
O crescimento e a capacidade de gerar riqueza do país passará pela capacidade do governo Lula de atualizar o arcabouço fiscal. Além de criar as condições necessárias para retomar o superávit primário e garantir que a dívida pública se estabilize em patamar similar ao dos demais países emergentes, a nova regra fiscal deve ser crível e de simples avaliação. O novo Ministro da Fazenda e suas ações podem acrescentar ou diminuir credibilidade à regra, com impactos tanto na economia real quanto nos ativos financeiros.
A síntese dos cenários é que a sinalização por gastos sem compromisso com a responsabilidade fiscal trará custos para a sociedade. Quanto mais prolongadas forem as sangrias das contas públicas, maiores serão a inflação e as taxas de juros (esperadas e de fato praticadas), acarretando menor crescimento econômico e renda disponível.
Legacy Capital:
A negociação dos valores extrateto na “PEC da transição” é apenas o primeiro elemento de uma agenda de política econômica que deverá incluir, além da expansão fiscal, o retorno da utilização de bancos públicos para impulsionamento de crédito, e um novo marco fiscal de médio prazo, entre outros itens. Nesse quadro, é provável que as expectativas de inflação dos próximos anos entrem em trajetória de elevação. Nossas próprias projeções apontam para 5,7% em 2023 e 5,2%, em 2024, valores acima do teto da meta de inflação.
Verde Asset
A marcha da insensatez fiscal segue inabalada em Brasília. O governo eleito aceitou uma redução de trinta bilhões nos gastos fora do teto na “PEC da Gastança”, para em seguida ter aprovado no Senado um complemento de vinte e cinco bilhões fora do teto vindo de contas inativas de PIS/Pasep.
A PEC, depois de muito teatro, está saindo do Senado com gastos de duzentos bilhões de reais fora do teto. Não há absolutamente nenhum compromisso com qualquer responsabilidade fiscal, e a leitura do preambulo da PEC ainda traz uma pérola citando MMT (Modern Monetary Theory) como justificativa para essa festa. Um país com a história inflacionária do Brasil e taxas de juros de 13,75% brincar com esse tipo de argumento mostra que, definitivamente, o PT não aprendeu nada com o desastre do governo Dilma.
Entre em contato com a redação Money Crunch: imprensa@moneycrunch.com.br