De acordo com dados da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), mesmo com o com o arrefecimento da pandemia de covid-19, os estabelecimentos tiveram queda de 21% do patamar de 505 milhões, em 2019, para 397 milhões, em 2022.
Dessa forma, os shoppings deixaram de receber mais 100 milhões de visitas no período. Mesmo com o retorno ao trabalho presencial em muitas empresas e da liberdade para passear em segurança, os shoppings não estão lotados como antes.
Um estudo qualitativo feita pela Abrasce captou uma queda na frequência dos visitantes mais assíduos, sendo que pessoas que tinham o hábito de ir até seis vezes por mês aos centros de compras recuaram para a faixa de quatro a cinco vezes.
Para o presidente da Abrasce, Glauco Humai, há duas hipóteses para explicar esse comportamento. A primeira delas é de que boa parte dos shoppings está localizada em regiões de escritórios. Ou seja, muitos visitantes eram trabalhadores que entravam nos shoppings na hora do almoço ou após o expediente. Hoje, esse público trabalha de casa alguns dias por semana “e não frequentam tanto o shopping quanto antes”.
O segundo fator é o aumento de vendas no e-commerce. As pessoas buscam na internet desde livros e eletrônicos até roupas, calçados e alimentos, “roubando” uma parcela das compras que antes eram feitas presencialmente.
“O mundo físico cobra preços mais altos porque tem menos concorrentes ao lado. Na internet, os preços são mais baixos e a comparação é mais simples. É diferente de ter de se deslocar para outro shopping ou até diferentes lojas para ver o preço da mesma camiseta. A pandemia intensificou as possibilidades das compras via internet, como cashback e outros benefícios. Além disso, as pessoas se tornaram mais bancarizadas e podem comprar online”, disse Lorain Pazzetto, executivo da empresa de tecnologia de varejo Grupo Fcamara.
Na visão de Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls, a retomada da circulação nos shoppings deve acontecer, mas com experiências que vão além de lojas e restaurantes.
“Os shoppings já estão se ajustando à nova realidade em que o centro de compras terá recorrência devido a consultas médicas, cinema, almoços ou eventos. Por isso, vemos eventos como a exposição Mundo Pixar, no Eldorado, ou a do Van Gogh, no Morumbi Shopping. Antes, era necessário ir a uma loja física para comprar alguma coisa. Agora, é preciso preferir ir até lá. Por isso, os shopping buscam formas de criar novas razões para as pessoas irem até eles”, afirmou Marinho.
A melhora na safra de filmes também deve ajudar.
Vendas estão acima de 2019
A estimativa da Abrasce mostrou, por outro lado, que as endas dos shoppings do País caminham para crescer 27,4% em 2022, na comparação com 2021, em termos nominais (sem levar em conta a inflação do período), atingindo a marca de R$ 202 bilhões. No período, a alta prevista é de 18%.
Caso confirmado, o resultado representará o maior patamar de vendas da história do setor em termos nominais e uma recuperação importante perante 2019 (R$ 193 bilhões).
As vendas nos shoppings voltaram sete anos no tempo devido à crise sanitária. Em 2020, o faturamento caiu 33%, batendo em R$ 129 bilhões, mesmo volume de 2013.
“Alguns analistas tinham falado que o setor ia levar cinco a seis anos para recuperar as vendas. Estamos vendo que isso vai acontecer em apenas dois anos”, destacou Glauco Humai.
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